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Guia completo para tirar carteira de motorista em Ontário

Algo que irrita muitos brasileiros é que mesmo quem já dirige há muito tempo no Brasil precisa realizar provas para tirar sua carteira de motorista aqui no Canadá. Você sabe quais são as etapas a seguir e onde deve ir para realizar todo o processo? O OiCanadá vai ajudá-lo nesse percurso!

Assim que chegar aqui, a carteira brasileira ainda continua valendo por 60 dias para residentes ou 90 dias para turistas, bem como a carteira internacional (PID). Mas ter a carteira canadense vai ser importante na hora de comprar seu carro, já que as concessionárias a exigem na hora da compra (pode ser até a G1, que é a carteira inicial). O problema é que só com a G1 o seguro obrigatório fica muito caro, ao passo que com a G2 o preço melhora um pouquinho e com a G fica ainda mais baixo (e mesmo assim o preço do seguro aqui é exorbitante!).

Diferente do Brasil, onde a carteira de motorista é nacional, aqui no Canadá a carteira é provincial, ou seja, ela é válida em todo o país apenas se você estiver viajando, mas se você for morar em outra província vai precisar tirar uma nova carteira. Isso porque cada província tem suas próprias leis e regras de trânsito, diferentes umas das outras. Em Quebec, por exemplo, não é permitido virar à direita no sinal vermelho se o caminho estiver livre, como é aqui em Ontário. Além disso, em Ontário há 3 níveis de carteira, G1, G2 e G, que é equivalente à categoria “B” do Brasil.

Níveis

G1 – Quem tem essa carteira precisa estar acompanhado de uma pessoa com mais de 4 anos de carteira G para dirigir, não pode ter nadinha de álcool no sangue, não pode dirigir entre meia-noite e 5 da manhã e não pode dirigir em rodovias (highways e vias expressas).

G2 – Quem tem essa carteira também não pode ter nada de álcool no sangue, mas já pode dirigir em rodovias e não há restrição de horário. Porém há menos tolerância com pontuação e multas que a carteira G e por isso a pessoa pode ter a carteira suspensa mais facilmente (9 pontos).

G – Essa carteira também é chamada de full licence. Com ela a quantidade aceitável de álcool no sangue é .08% e o motorista só tem a carteira suspensa se fizer mais de 15 pontos em infrações.

Início do processo

Para tirar a carteira G1 você terá que seguir as etapas abaixo para realizar a prova teórica.

Primeira etapa

Levar ao Consulado do Brasil os seguintes documentos:

  • Original e cópia da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) brasileira;
  • Original e cópia do passaporte ou RG;
  • Cópia impressa da consulta de pontos da CNH obtida no site do Detran do estado onde a CNH foi emitida (não tem problema se tiver uns pontinhos marcados na carteira);
  • Ordem de pagamento (money order) ou cheque administrativo (certified cheque) em favor do “Consulate General of Brazil in Toronto”, no valor de $18.75, feito em qualquer agência dos correios ou banco. Você vai pagar mais $7.50 pelo money order.

O Consulado vai então emitir um documento (eles chamam de “legalização da carteira brasileira” ou Authentication Letter) dizendo que você tem uma habilitação válida no Brasil e que tem tanto tempo de experiência. Este documento vale por apenas 6 meses, então certifique-se de finalizar todo o processo antes de prazo.

Segundo Helen Cunha, que veio de Curitiba e mora em Toronto há 1 ano e meio, “leva aproximadamente 5 dias úteis para esse documento ficar pronto, mas caso haja urgência a data de retirada pode ser antecipada pelo Consulado. Nesse caso, você deve pedir essa antecipação. Eu, por exemplo, entreguei os meus documentos numa terça e retirei a confirmation letter na sexta”. Além disso, outra pessoa também pode buscar para você desde que tenha o protocolo de retirada. O endereço do Consulado do Brasil em Toronto é 77 Bloor Street West, sala 1109, e o horário de atendimento é das 9h às 13h.

Segunda etapa

Levar a carteira de motorista brasileira para fazer tradução em um tradutor da ATIO (Association of Translators and Interpreters of Ontario). Traduções feitas no Brasil ou por tradutores não associados não valem aqui! Há alguns locais que não exigem a tradução para fazer a prova teórica, mas outros exigem, então é bom verificar antes se vai precisar ou não, ou fazer a tradução assim mesmo para garantir que não haverá surpresas. A tradução pode custar uns $30 ou $40 e você pode mandar a carteira escaneada por e-mail para o tradutor, levando a original apenas para ele conferir quando for buscar a tradução. Combine com ele o prazo para a entrega da tradução, já que alguns fazem no mesmo dia mas outros levam mais de uma semana, então pergunte isso antes para que seu processo não fique parado por conta disso! A tradução também vale por apenas 6 meses. Depois desse prazo é necessário pagar novamente por uma nova tradução.

Tradutores recomendados por brasileiros:

  • Florinda Lages (portuguesa) – 416-318-3792
  • Arthur (canadense) – 416-487-4280

Terceira etapa

Levar os seguintes documentos para a prova teórica:

  • a carteira de motorista brasileira original;
  • a tradução da carteira (se for necessária no local escolhido);
  • o passaporte ou PR Card;
  • o documento do consulado (Authentication Letter). Essa carta não será devolvida, então faça uma cópia para caso haja qualquer problema com o seu processo, pois é ela que comprova a sua experiência como motorista no Brasil e possibilita pular a G2 e ir direto da G1 para a G.

Para fazer a prova teórica você pode ir, sem agendar, a um Driver Examination Centre ou ao escritório do Service Ontario que fica na 777 Bay St (aqui é necessário trazer a tradução da carteira). Helen Cunha dá a dica: “se você for de metrô, desça na estação College e de lá você já sai dentro do prédio onde fica o Service Ontario”.

Lá você entrega os documentos acima, preenche um formulário declarando sua experiência como motorista, faz o exame de vista e tira uma foto digital (então é bom ir arrumadinho, de óculos ou lentes de contato). Você também vai precisar desembolsar $85 ($75 para a carteira de 5 anos + $10 para a prova teórica) se pular para a prova prática da carteira G, ou $125 (mais $40) se você for fazer a prova para a carteira G2. Por fim você é encaminhado para a sala onde vai realizar a prova teórica.

Helen Cunha comenta: “Tenho notado que o melhor horário para ir a esses órgãos públicos é entre 12h e 13h, pois geralmente está mais vazio”. Assim, se o local estiver vazio, você terá a sorte de fazer todo esse processo em uns 30 minutos, caso contrário poderá gastar até 3 horas lá dentro!

Prova Teórica para a G1

A prova teórica (knowledge test), que pode ser impressa ou no computador, traz 40 questões de múltipla escolha sobre legislação e sinais de trânsito. Em alguns centros você pode fazer a prova em outros idiomas, mas se fizer a prova em inglês o resultado sai na hora, ao passo que se fizer em outra língua isso não acontece. Além disso, segundo Jung Hun Ha, que veio de São Paulo e fez sua prova há 3 anos, “antigamente as provas em português eram no português de Portugal, o que acabava atrapalhando”. Você já sai de lá com um documento impresso que será sua habilitação provisória até receber a carteira G1 em até 4 semanas pelo correio. Se você for reprovado, pode pagar mais $10, voltar para casa e estudar mais um pouquinho!

Para realizar a prova teórica, é preciso estudar o Official MTO Driver’s Handbook, disponível para leitura on-line, à venda no site do Ministry of Transportation por $14.95 mais imposto, em lojas da Canadian Tire, em algumas livrarias, ou você pode pegar emprestado na biblioteca ou de um amigo caridoso!

Dicas de estudo para a prova teórica: a parte inicial do manual, aquela que fala das regras para as carteiras G1 e G2, cai bastante na prova! Além disso, Wesley Marques, que veio de São José dos Campos no início do ano, lembra: “Como a primeira parte da prova escrita é sobre sinalização, achei fácil. Na segunda parte já complicou. Muitas regras diferentes do Brasil e detalhes difíceis para decorar, como por exemplo o tipo de infração versus o tempo em que a licença pra dirigir é suspensa”. Danielle Fernandes Garcia, também de São José dos Campos e que chegou há 6 meses em Toronto, concorda que “a prova é fácil, mas é preciso estudar”. Além de ler o Driver’s Handbook com atenção, também é possível fazer um simulado online.

E agora, G2 ou G?

De acordo com as regras para motoristas com carteira do exterior, que você pode confirmar no site governamental DriveTest, se você já tem carteira brasileira há mais de 2 anos pode escolher fazer a prova prática para a tirar a carteira G direto, sem tirar a G2, como é exigido de quem tira a carteira aqui pela primeira vez. Ou pode realizar a prova para a G2 e depois para a G logo em seguida, sem precisar esperar o tempo estipulado entre elas (que é de 1 ano).

Para Helen Cunha “a melhor coisa é a pessoa tentar a carteira G direto. Assim, quando as seguradoras pesquisarem o tempo de carteira aparecerá no sistema daqui a data do Brasil. Mas se fizer a G2, como eu fiz, não tem mais como reverter isso. Portanto, apesar de eu ter mais de 13 anos de carteira no Brasil, aqui eu sou tida como uma nova motorista e, por esse motivo, o seguro do meu carro tornar-se mais alto”.

Wesley Marques, que precisava da carteira com urgência, preferiu tirar a G2 antes: “Eu e minha esposa tiramos a G1 e logo em seguida a G2, pois ficamos com receio de partir para a G direto e reprovarmos”. Isso porque a prova para a G2 é mais tranquila que a prova para a G e, portanto, há mais probabilidade de ser aprovado. Assim, vale a pena pensar no que é melhor no seu caso e começar a se preparar para a prova que decidir fazer!

Aulas de direção

Muitos brasileiros que tiraram a carteira canadense aconselham a fazer algumas aulas de direção antes da prova prática, pois há muitos detalhes que são diferentes do trânsito do Brasil. Jung Hun Ha fez 2 aulas para tirar sua carteira há 3 anos e conta: “Vale a pena, principalmente se você nunca dirigiu aqui, pois há umas regras beeeeem diferentes, tipo four ways stop, conversão à esquerda, etc”.

Muita gente faz algumas aulas só para ter uma noção, sendo que cada aula pode custar de $35 a $60 por 45 minutos ou 1 hora. Não se esqueça de levar sua carteira G1 (ou protocolo) com você em todas as aulas. A maioria dos brasileiros faz aulas com instrutores indicados por conhecidos, mas há também os instrutores da rede Younge Drivers of Canada, que prestam serviço em todo o país e têm três centros de atendimento em Toronto.

O interessante de fazer algumas aulas de direção é que o instrutor normalmente faz o mesmo trajeto que os examinadores farão no centro escolhido, alertando para as “pegadinhas” do percurso. Mesmo que você não faça aulas de direção, procure conhecer o percurso da prova antes e pratique no local. O instrutor também vai deixá-lo familiarizado com os nomes das manobras em inglês. Por exemplo, emergency stop também pode ser chamado de downhill parking, uphill parking, roadside parking ou pull over. Além disso, alguns brasileiros também recebem orientações de instrutores quanto ao local de prova. Jung Hun Ha comenta: “Falaram que se puder evitar de fazer a prova em Toronto seria mais fácil porque os examinadores de Toronto são mais exigentes que os do interior”.

Algumas dicas que os instrutores dão:

  • Não seja muito lento no trânsito.
  • Não entre na highway a menos de 100km/h, a menos que o trânsito esteja lento mesmo ou parado!
  • Evite obstáculos na pista, como pedras e buracos.
  • Dirija defensivamente, sempre olhando para os pedestres e dando a preferência a eles.
  • Coloque o espelho retrovisor interno um pouco para cima, para forçar a virar o pescoço ao olhar para ele. Assim o examinador vai ter certeza que você o está usando.
  • A maioria dos examinadores pede para fazer 3-point-turn, parallel parking e emergency parking.
  • Tem examinador que tira pontos se você demorar a virar quando o sinal está verde.
  • Não se esqueça de fazer shoulder check o tempo todo para verificar o seu blind spot!

Instrutores indicados:

  • Feijó (português) – 416-534-2800

Prova prática

Você mesmo pode agendar pela internet ou, se você teve aulas de direção com um instrutor, ele pode fazer isso. Se houver desistência, dá para conseguir uma vaga logo, mas o prazo normal de espera para fazer a prova é de até um mês. É o que confirma Giovani Bottesini, de Porto Alegre, que chegou no Canadá há mais de um ano: “Eu consegui de um dia para o outro. Mas acho que isso só acontece se houver algum cancelamento. Geralmente as opções disponíveis são 2 ou 3 semanas depois”.

Para quem está preocupado com o problema da língua, Helen Cunha comenta sobre sua prova: “Ao entrar no carro o examinador se apresentou e perguntou se eu tinha alguma pergunta. Aproveitei pra dizer que eu era newcomer e que ainda estava habituando meu ouvido ao inglês. Ele então disse que eu poderia pedir para ele repetir o comando caso não entendesse. Além disso, sempre que ele dava um comando eu repetia em voz baixa, deixando claro que eu estava atenta e que tinha ouvido certo”.

A prova dura 25 minutos no máximo e o resultado sai na hora. A validade é igual no Brasil: 5 anos. Algumas regras de trânsito, porém, são bem diferentes:

  • Adolescentes podem tirar carteira aos 16 anos, mas se abandonarem a escola perdem o direito de dirigir.
  • Virar à direita é permitido mesmo no sinal vermelho, desde que se dê preferência ao pedestre e aos carros que trafegam na via.
  • Quando um carro liga a sirene (ambulância, bombeiro, polícia), todos os carros devem encostar à direita, inclusive os carros no sentido contrário.
  • Em placas de ‘pare’, as pessoas devem param (por 3 segundos), porque se não parar há multa. É o que eles chamam de full stop, e não serve dar aquela diminuída, olhar para os lados e continuar. Precisa parar o carro, mesmo! Enrolar na hora do full stop é um motivo de reprovação muito conhecido entre os brasileiros.
  • Se o ônibus escolar levantar a placa de ‘pare’, todos os carros devem parar, em ambos os sentidos, pois as crianças atravessam a rua.

Alguns brasileiros relembram como foram suas provas e deixam dicas.

Giovani Bottesini, por exemplo, avisa: “Shoulder check, shoulder check, shoulder check. E deve-se emparelhar a velocidade com a dos demais veículos quando for acessar a highway. Mas com tanto shoulder check, pode-se acabar não prestando atenção nisso”.

Wesley Marques aconselha: “Evite fazer a prova no inverno, pois a neve pode complicar bastante a dirigibilidade. Também verifique o estado do seu veículo (freios, pisca-pisca, buzina, faróis, pneus e cinto de segurança) um dia antes de realizar a prova. E tenha um sono tranquilo e renovador um dia antes da prova. Isso ajuda na concentração e contribui para um bom desempenho na prova”.

Helen Cunha também lembra de algo importante: “Quando o sinal estiver aberto para você, mesmo que você não seja o primeiro da fila e que esteja apenas seguindo o fluxo dos carros, deve sempre olhar para os dois lados da pista quando passar por um cruzamento (seja de uma grande interseção ou de uma simples rua)”. É o que eles chamam de left-right.

E Danielle Fernandes Garcia ainda orienta: “É importante prestar bastante atenção às placas de pare, sinalização em geral e pedestres, pois aqui pedestre tem prioridade, o que é bem diferente do Brasil”.

Por fim, o site do Ministério do Transporte apresenta alguns common mistakes que podem reprovar qualquer um na prova prática. Se você resolver fazer a prova para a carteira G direto, pulando a G2, e reprovar, terá que fazer a G2 e daí então refazer a G, esperando 10 dias de intervalo entre elas para você se preparar um pouco mais. Também é bom lembrar que o processo todo (G1, G2 e G) deve ser completado em 5 anos, ou você vai precisar refazer tudo desde o começo.

Bem, agora que você já sabe o que fazer para tirar sua carteira de motorista em Ontário, comece a estudar o Driver’s Handbook e boa sorte nas provas! E com a carteira em mãos, aproveite para conhecer tudo o que o Canadá tem para lhe mostrar e boa viagem!

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