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Equipe da Rexdale Community Health Centre

Saúde

Atendimento médico para quem não tem status no Canadá

Os centros comunitários de saúde podem ser uma boa opção para quem não possui status no país e precisa de atendimento médico gratuito. Porém, mesmo aqueles que vivem legalmente no país (com exceção de turistas ou de quem tem visto de estudante) podem usufruir das grandes vantagens oferecidas por eles.

A faxineira paulista Fátima (nome fictício) está em situação irregular no Canadá e não tem condições financeiras para pagar um seguro de saúde ou consulta médica em Toronto. Como sofre de pressão alta e possui diabetes, necessita ir ao médico com frequência. Graças aos centros comunitários de saúde, ela recebe tratamento sem nenhum custo, apesar de não possuir status no país.

“Se não existisse esse lugar, provavelmente não estaria aqui dando entrevista. Estaria morta. Esse é um dos diversos benefícios que o Canadá oferece. Mesmo quem está ilegal no país é tratado como um ser-humano.”, diz ela.

Fátima é atendida pela Access Alliance Multicultural Health and Community Services, um dos 72 centros comunitários de saúde em Ontário, financiados principalmente pelo governo da província e que prestam serviço a cerca de 400 mil pessoas, inclusive aquelas que vivem ilegalmente no Canadá.

Indivíduos que não possuem nenhum tipo de seguro de saúde em Ontário geralmente estão entre refugiados que não conseguiram asilo no Canadá, mendigos, pessoas que vivem ilegalmente no país ou recém-chegados que precisam esperar um período de três meses para ter acesso ao OHIP (carteira de saúde em Ontário).

Ontário, Colúmbia Britânica e Quebec são as únicas províncias onde imigrantes precisam aguardar alguns meses para ter acesso gratuitamente à saúde pública. Em Ontário, essa regra foi utilizada em 1994 com o intuito de “evitar abuso” do sistema público de saúde e economiza cerca de $90 milhões por ano.

Com uma atuação cada vez mais vital, os centros comunitários de saúde se tornaram uma opção extremamente importante não só para quem não possui documentação no país, mas também para quem pertence a um grupo minoritário. Existem unidades que tratam somente de mulheres, jovens, portadores de deficiência, gays, lésbicas, imigrantes e refugiados, por exemplo.

“Uma das grandes vantages dos centros comunitários é que possuímos um grupo de funcionários treinados para atender a um grupo específico de pessoas, fazendo com que elas se sintam mais confortáveis. Além disso, é possível ter acesso em um mesmo local não só a médicos e enfermeiros, mas também a assistentes sociais, nutricionistas e a diversos programas de apoio”, afirma Cliff Ledwon, diretor de serviços de cuidados primários da Access Alliance, que atende a imigrantes e refugiados em Ontário.

Todos os centros comunitários de saúde em Ontário atendem pacientes sem status no país. Não fazem parte desse grupo turistas ou estudantes que possuem o visto ainda válido no Canadá. No caso deles, é preciso ter algum seguro privado de saúde ou pagar a consulta e tratamento em dinheiro.

Em alguns hospitais da província, só para ser atendido pelo médico, o paciente que não possui o OHIP ou outro tipo de seguro pode desembolsar até $350. Caso necessite ser internado, o valor varia em média de $1000 a $2300. Porém, em caso de emergência, os hospitais de Ontário não se recusam a atender o paciente, mesmo aqueles que não têm condições financeiras para pagar.

Os centros comunitários oferecem somente serviço básico de saúde, mas mesmo nos casos emergência os seus pacientes levam uma certa vantagem. Existe a possibilidade do custo do hospital ser negociado e em algumas situações (como na quimioterapia para pacientes com câncer) algumas unidades podem custear uma parte do tratamento.

Outra grande vantagem dos centros comunitários de saúde é o fato deles possuírem intérpretes em diversos idiomas, o que facilita a comunicação de pacientes que têm dificuldade com o inglês. “Nos centros situados nas áreas onde existem um grande aglomerado de brasileiros, por exemplo, temos funcionários que não só falam português, mas entendem a cultura do país. Isso faz com que esse paciente se sinta bem ao ser atendido. Nós esperamos que cada vez mais pessoas tenham acesso a esse tipo de serviço”, confessa Mary MacNutt, gerente de comunicação e política da Associação de Centros de Saúde de Ontário.

É exatamente com o intuito de fornecer um melhor atendimento que esses centros comunitários de saúde atendem comunidades específicas, muitas vezes divididas por área geográfica, sexo e faixa-etária. Por isso, para se tornar paciente de um deles é importante verificar na lista que pode ser encontrada no site da internet aquele que mais se adequa as suas necessidades.

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Marcio Rollemberg é pernambucano e formado em jornalismo. Foi editor-chefe de um telejornal universitário, produziu documentários e trabalhou como repórter de TV no Brasil. Em 2005 mudou-se para Toronto e atualmente é um dos colaboradores de uma revista e de um canal de TV. Em 2011 juntou-se a equipe do OiCanadá, onde escreve matérias sobre Turismo e Variedades.

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