Siga-nos

OiCanadá

Montreal

Imigrando com crianças: Como escolher uma escola em Montreal

A decisão de emigrar é difícil. Com a família, então, a decisão tem que ser negociada. No meu caso, vim pesquisar Psicologia Evolucionista em Montreal, na Concordia University. Meu marido e minha filha, na época com 5 anos, compraram a ideia, e chegamos em Montreal no ano-novo.

Mas, antes de emigrar, pesquisamos bastante quais seriam as opções para nossa filha aqui em Montreal. O primeiro passo era decidir por uma escola francófona ou anglófona. O Canadá é um país bilíngue (em tese, mas isso é assunto pra outro post), mas é na província do Quebec e mais ainda na cidade de Montreal, que o bilinguismo é mais evidente. É preciso ficar atento, pois quem vem para Montreal com visto de residente permanente não tem o direito de escolher qual escola irá cursar. Pelas leis da província, que visam manter a tradição da língua francesa, os filhos de imigrantes permanentes devem cursar obrigatoriamente uma escola francófona, ou então pagar o tuition (a taxa anual) da escola anglófona, mesmo que ela seja pública. No nosso caso, imigramos para Montreal com vistos de trabalho, pois eu possuo um contrato de pesquisadora-visitante com a universidade, então foi possível escolher a escola que nossa filha iria cursar. Como eu não tinha, quando cheguei, a menor noção de francês, mas falo inglês fluentemente, a decisão foi pelo que era mais familiar: decidimos pela escola anglófona.

Assim que chegamos já fomos à secretaria das escolas anglófonas, a EMSB – English Montreal School Board (a secretaria das escolas francófonas é a CSDM – Comission Scolaire de Montreal). Para fazer a matrícula, basta levar os passaportes (da família toda) e os documentos pessoais da criança – certidão de nascimento (traga em português mesmo, depois você pode traduzir o documento aqui em Montreal), cartão de vacina e os boletins da escola. Nossa filha estava à caminho da primeira série no Brasil, então resolvemos matriculá-la com as crianças da mesma idade, o que significou que ela precisou cursar novamente meio ano que já havia cursado no Brasil: o kindergarden, nosso equivalente ao pré-primário. Avaliamos que isso seria melhor para nossa filha, pois ela não conhecia a língua e poderia ficar com crianças da mesma idade.

Para quem tem filhos mais velhos, que já podem cursar a partir do secondaire daqui (com 12 anos ou mais), é preciso verificar as notas da criança para que ela seja aceita nas melhores escolas da cidade, pois nem todas possuem vagas. Para as crianças maiores existe uma adaptação para que eles conheçam a língua, a cultura do país, etc.

Já para quem possui filhos menores, é importante procurar também uma garderie/daycare, o equivalente à nossa creche. Quem vem para Montreal como residente permanente ou com vistos de trabalho tem direito à creche com preço máximo por dia de CAD 7,00 (com previsão de aumento para o ano de 2015). Mas nem todas as creches cobram esse preço, e você vai precisar procurar a Receita Federal daqui (que é provincial, não federal) – o Revenu Quebec, e solicitar o reembolso do valor que exceder CAD 7,00.

A adaptação da Beatriz na escola foi difícil nos primeiros dias: primeiro ficamos com ela um dia inteiro, e no segundo dia já a deixamos com a professora. Nos sentimos muito acolhidos pela escola, principalmente porque há muitos imigrantes em Montreal: a sala da minha filha parece uma reunião da ONU – tem crianças do Japão, do Peru, da Turquia, da Inglaterra… Mas no começo ela chorou muito, não entendia a língua, até a comida era diferente. Mas com muita paciência e com a ajuda da professora, Miss Jennifer, em um mês ela já falava bem o inglês para comunicar sentimentos e demandas simples, como pedir para ir ao banheiro.

Aqui em Montreal as aulas começam às 7h50 e terminam às 2h20 da tarde. No primeiro mês ficamos assim, com ela estudando em “meio-período” e sendo cuidada por mim ou meu marido à tarde. Mas isso era difícil pra nós, pois eu tinha que trabalhar. No segundo mês matriculamos a Bia no daycare da própria escola, que fica disponível até às 18h00 e nos feriados (alguns deles, nem todos). O daycare daqui é bem diferente do período integral do Brasil: a criança não fica de atividade em atividade (do balé, pra natação, pro inglês…), pelo menos no kindergarden. Sei que para as crianças mais velhas há mais opções.

Agora que já se passaram quatro meses da nossa chegada, a Beatriz já fala inglês fluentemente, corrigindo até nossa pronúncia. Ela já dá os primeiros passos no francês, pois têm aulas uma vez por semana. Além disso, a maioria dos amiguinhos québécoises também falam francês com ela!

Mas tenho que admitir: escolher a escola anglófona foi um passo calculado no começo, pois tínhamos planejado ficar por aqui temporariamente. Mas se decidirmos pela permanência, teremos que transferir nossa filha para a escola francófona, o que significará para ela mais uma mudança e adaptação. Por isso, se você vier como temporário, pense bem nas suas opções, pois poderá mudar de ideia!

Dito isso, minha percepção como mãe é que a escola pública de Montreal é excelente, com professores capacitados e com muito conteúdo programático (ou seja, “puxada”). Ainda assim, há diferenças culturais: na escola particular que a Beatriz cursava no Brasil, havia duas auxiliares para acompanhá-la ao banheiro, ajudá-la a se vestir para o balé, etc. Aqui, as crianças são criadas de forma a serem mais independentes: elas que cuidam de vestir as roupas de inverno (snowpants, botas, casacos, cachecóis e luvas), além de irem sozinhas ao banheiro e pegarem seu próprio almoço na cantina da escola. Pode parecer bobagem, mas isso fica na cabeça da mãe como uma preocupação: “será que meu bebê conseguirá fazer tudo isso sozinho!?”. Depois de quatro meses, sei que essa foi uma oportunidade de amadurecimento: minha filha já está mais independente e segura de si!

Avatar photo

Lilian é doutoranda em Administração e pesquisadora-visitante na Concordia University, estudando temas relacionados ao comportamento do consumidor e psicologia evolucionista. Imigrou para Montreal em janeiro de 2014 com o marido e sua filha Beatriz, de 6 anos.

8 Comentários

8 Comments

    Deixe uma resposta

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    Mais em: Montreal

    Topo