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Como é se hospedar em um albergue em Toronto

Sim, existe vida pós homestay. Após o primeiro mês no exterior você já está mais ambientalizado, conhece melhor como funciona o transporte público e já memorizou alguns prédios para, quando ficar perdido, saber o caminho de volta. Mais do que isso, você já se deu conta de que – se ficar por mais de um mês na cidade – vai começar a surtar com o tempo de ida e volta todos os dias até a escola (normalmente em Downtown).

Fora isso, você também percebe que morando longe do centro é necessário realizar todas as suas atividades de uma só vez, pois caso esqueça de fazer algo, só será possível novamente no dia seguinte, visto que a distância de sua residência torna inviável aquela passadinha rápida para “comprar uma coisinha que esqueceu”.

Algo comum nos hostels, Free Food é um espaço destinado exclusivamente a comidas que, normalmente, as pessoas deixam no hostel antes de partir, para que os demais aproveitem.

Algo comum nos hostels, Free Food é um espaço destinado exclusivamente a comidas que, normalmente, as pessoas deixam no hostel antes de partir, para que os demais aproveitem.

Em alguns casos o que pesa é o custo financeiro, ou até mesmo sair à noite vira um martírio, principalmente quando você saiu tarde o bastante da festa e já não pode mais pegar o subway (que encerra normalmente à 1:30 a.m.) e está cansado (ou bêbado) demais pra pegar o Night Bus. Nesse caso resta esperar, beber mais ou rever a proximidade da sua casa.

Enquanto procura outra homestay, algum apartamento compartilhado, um basement ou algo do tipo – essa busca pode demorar – existe o plano B, que para muitos é o plano A: ficar em um albergue, aqui chamado de hostel.

Digo plano A porque alunos de algumas escolas ficam o primeiro mês em hostel e não em casa de família, invertendo o padrão; e outros (assim como eu) acabam transformando o plano B em A devido a fatores como trabalho (falarei melhor no outro post) e comodidade.

Mas que diabos é um hostel?

No Brasil ainda não temos uma forte cultura de se hospedar em hostel, o que já é normal em outros países. Portanto, hostel nada mais é do que um local onde você pode se hospedar em quartos privados ou compartilhados; se ficar mais fácil imagine um hotel mas sem a formalidade do mesmo e com a diferença que você compartilha cozinha, banheiros, lavanderia, sala, pátio, e o que mais o local oferecer. Apesar do preço ser por noite, você pode pagar semanalmente, mensalmente ou de acordo com as políticas do lugar.

Mitos e Verdades

Depois de assistir a alguns filmes, saímos com a certeza de que lugares assim ou são muito perigosos – pois podem roubar nossos órgãos – ou muito bons, pois é festa o tempo inteiro e as pessoas só pensam em pegação. Nem 8, nem 80, cara pálida.

Quanto ao roubo de órgãos, esqueça. É mais provável que você venda um órgão voluntariamente para pagar as contas do que alguém roubá-lo enquanto você dorme.

Em todo hostel existem programações para cada dia da semana, então sim, você sempre tem algo pra fazer, mas dificilmente as festas são dentro do hostel; normalmente as programações internas são coisas mais “lights” e caso você queira, pode sair ou participar dos Pub Crawls, onde vários hóspedes se reúnem e fazem uma espécie de tour por pubs e bares da cidade.

Também não é 100% verdade que hostel é somente lugar de gente jovem, mochileiros ou aventureiros. Já vi diversas vezes: pessoas idosas (mais de 80 anos), famílias com crianças pequenas e/ou de colo, grupos de escoteiros, profissionais que estão de passagem ou procurando emprego e algum lugar para alugar, estudantes, turistas e mais uma infinidade de pessoas com seus respectivos objetivos.

Mesmo parecendo uma grande confusão, dificilmente ocorre algum furto; é mais comum você mesmo perder algo do que alguém pegar de você, assim como é muito mais fácil eventualmente pegarem sua comida (aquele resto de lasanha sem nome que você deixou na geladeira) do que sua carteira ou máquina fotográfica.

Mesmo com tantos espaços em comum, se preferir, você pode ir para o quarto e ficar mais sossegado, mas às vezes se depara com outras 3, 5 ou 9 pessoas no mesmo dormitório que você, e aí começam os pontos positivos e negativos dessa história.

Vantagens e desvantagens

Você pode acabar dividindo um quarto com pessoas de todos os tipos, costumes e manias.

Você pode acabar dividindo um quarto com pessoas de todos os tipos, costumes e manias.

Ficar em quarto compartilhado pode ser bom ou ruim (como tudo na vida) dependendo do seu objetivo e tolerância. Se quer conhecer gente nova, é perfeito, pois provavelmente suas amizades serão de 2, 3 dias. Se quer descansar, o ideal é dividir o quarto com no máximo outras 2 ou 3 pessoas pois existem despertadores alheios de manhã, gente chegando e saindo de madrugada, roupas, malas e mochilas atiradas no chão, luz ligada, entre outros.

O lado bom é que você conhece gente das mais variadas profissões, etnias e culturas. Já dividi quarto com um muçulmano que me perguntou se eu me importava que ele rezasse no chão; com um indiano que adorava comer Ruffles de madrugada; com um irlandês ciclista que guardou sua nova bicicleta junto à cama, alemães, americanos e – também existe o lado bom – suíças, argentinas, canadenses, etc.

É legal que, queira ou não, você treina bastante seu inglês, seja por TER que se expressar, por ter que entender os diferentes sotaques ou porque você precisa dizer para a pessoa de cima da beliche (se possível, escolha a cama de baixo) que a comida dela esta caindo em cima de você.

E caso alguma coisa esteja lhe incomodando você pode pedir pra trocar de quarto ou simplesmente sair do hostel sem um aviso prévio extenso (no mínimo 24 horas antes) e sem precisar pagar recisão, multa ou algo do gênero.

As roupas de cama, toalha e travesseiro normalmente estão inclusos, assim como café da manhã, em alguns casos.

Mas vale a pena?

Depende. Algumas pessoas não suportam mais de 2 meses em um hostel, outras acabam acostumando. O ideal é considerar o hostel como uma opção transitória, até achar um bom lugar, pois não existe coisa melhor que um quarto só seu. Mas, por outro lado, você abre bastante a sua mente para coisas novas.

Você aprende a desde dividir comida (às vezes você doa um pouco da sua, às vezes te convidam pra comer) até conhecer gente com as mais variadas histórias; quebra preconceitos em relação à pessoas de outras nacionalidades e em relação às pessoas como um todo, assim como cria amizades, contatos ou simplesmente aprende a falar algumas palavras em um terceiro idioma.

Como não é necessário ter um contrato longo e duradouro, você pode experimentar diferentes lugares, comparar e depois – se assim achar interessante – permanecer um tempo maior em um deles.

Os preços e promoções variam, por isso mesmo é difícil publicar algo nesse sentido que dure muito tempo. Alguns locais oferecem planos mensais no inverno (Hi Hostel) outros planos semanais (Canadiana) mas ambos variam em cada temporada, o que também não me permite dizer com certeza se terá novamente na próxima estação.

Os valores podem ser vistos nos sites (abaixo) e você pode pedir pra conhecer o lugar, visitar os quartos, a cozinha e sentir se o clima é agradável ou não.

Por fim, não se deixe enganar somente pelo preços ou pela aparência.

Coletando relatos em fóruns vi que o Backpackers on Dundas (hostel bem centralizado) já causou dor de cabeça para bastante gente que ao chegar ficou sabendo que a reserva tinha sido cancelada sem aviso, ou até mesmo reclamação quanto à limpeza (esse hostel é um dos mais baratos da cidade).

Em compensação o Clarence Park (hostel bem localizado e com aparência impecável) tem acomodações excelentes e uma cozinha de cinema, mas o atendimento é péssimo. Eu e outras duas pessoas passamos por problemas semelhantes, onde o pessoal da recepção ou staff tratam os hóspedes de forma grosseira, mal educada, preconceituosa e diversas vezes desrespeitosa, sem contar que permitem festas onde estranhos acabam usando o banheiro do seu quarto (evitem esse hostel).

Cada caso é um caso, mas seguem abaixo os 2 hostels com melhores referências, seja por experiência própria ou através de conhecidos que já se hospedaram e falaram bem a respeito.

Por fim, independente do lugar, a dica continua sendo para procurar um canto para chamar de seu, pois no fim das contas um quarto que você arruma quando quiser e uma noite de sono bem dormida valem mais do que qualquer coisa.

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Endrigo Giacomin, gaúcho, 27 anos, publicitário e (assim espero) futuro psicólogo. Viciado em livros e chimarrão, resolvi que era hora de começar a realizar os meus sonhos; começando por um ano em Toronto, passando por uma nova faculdade, um mochilão pelo mundo e sabe-se lá o que mais pode surgir nessa busca incessante pelo autoconhecimento.

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