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Debaixo da terra

Você é o nosso convidado para um passeio na “Path”, a movimentada cidade subterrânea de Toronto.

Estamos na primavera, época em que a temperatura começa a subir aqui no Canadá. Por isso é mais fácil encontrar pessoas caminhando nas ruas, principalmente em dias ensolarados. Só que as calçadas poderiam estar ainda bem mais movimentadas. É que enquanto o calor não chega, muita gente prefere passear por uma outra cidade, que fica escondida debaixo do asfalto, no centro de Toronto. Ela se chama “Path”, que literalmente quer dizer “caminho”.

Chegar até ela é fácil: existem 125 pontos de acesso para os pedestres. Não se trata de uma réplica da cidade “lá de cima“ não. Na Path não existem carros, casas nem avenidas. Ela é, na verdade, o maior complexo subterrâneo de lojas do mundo, de acordo com o livro dos recordes. São 27 quilômetros de extensão, aproximadamente mil e duzentas lojas que ocupam mais de 371 mil metros quadrados e onde trabalham cerca de 5 mil pessoas. Por dia, pelo menos cem mil visitantes passam por ela.

Cinco estações de metrô e mais de 50 prédios estão conectados à cidade subterrânea. Falando assim, parece até um labirinto, não é mesmo? Digamos que sim. Existem pelo menos 60 pontos em que o pedestre precisa decidir qual direção tomar. Dependendo da escolha, você pode sair em vários locais diferentes.

Pra não se perder, fique atento aos mapas. Outra dica é olhar pro chão, observar o piso: quando ele muda significa que você está debaixo de um outro prédio. E preste atenção aos sinais: na palavra Path, cada cor indica uma direção diferente: o “P” em vermelho representa o sul; o “A” em laranja, o oeste; o “T” em azul indica o norte e o “H” em amarelo, o leste.

A cidade “underground” tem ainda uma outra grande utilidade: ela serve de rota alternativa durante os meses mais frios, quando a temperatura chega perto de trinta graus negativos. Nem todo mundo tem coragem de encarar a neve e o frio.

Mas este clima congelante é também um aliado. A comerciante Leila Ali abriu esta loja na cidade subterrânea há sete anos, e diz que no inverno fatura mais. “Muita gente adora fazer compras aqui porque todos querem ficar aquecidos no inverno, especialmente em Toronto que é muito frio, por isso é maravilhoso trabalhar aqui”, diz ela.

Do lado de cima, a comerciante Sofia Alexoupolus vive uma situação oposta. Há 25 ela vende cachorro-quente numa “outra cidade” só que do lado de fora, também no centro de Toronto, e é no verão que a clientela aumenta. “Eu não trabalho no inverno, porque não dá, até a comida congela. Recomeço em março, se o clima estiver bom, porque no Canadá, às vezes até em março ainda é muito frio”, explica.

A origem da Path foi há 109 anos, quando a loja de departamentos Eaton ganhou uma passagem subterrânea entre a loja principal e um prédio anexo, que ficava na Yonge Street. Em 1917, já existiam cinco túneis interligando vários edifícios no centro da cidade. Nos anos 60, a construção de novos prédios acabou tirando os pequenos comerciantes das ruas, daí surgiu a ideia de construir centros comerciais debaixo da terra, que em seguida foram conectados.

Debaixo da terra, na Path, não importa a estação: de verão a inverno o clima é sempre agradável. E a ideia de se esconder sob o asfalto se espalhou pelo mundo: outras cidades também possuem um complexo subterrâneo, como Montreal, no Canadá, Minneapolis e Houston, nos Estados Unidos, além de Osaka, no Japão e Cingapura. Em Toronto, a prefeitura anunciou um projeto de expansão. Quando ele estiver concluído, a cidade subterrânea terá 60 quilômetros de extensão e 170 pontos de acesso. Aí sim, talvez seja ainda mais difícil encontrar gente caminhando nas ruas lá do lado de cima,  mesmo em dias ensolarados de primavera.

Julieta é curiosa, subjetiva e prolixa. É também contraditória o suficiente para admirar o que é simples. Não perde a oportunidade de puxar uma boa prosa, seja na fila do supermercado ou durante uma viagem de avião. Antes de tudo, se interessa por pessoas e pela origem das coisas. Desde os sete anos, quando seu pai comprou uma câmera vídeo, sonha em ser jornalista. O sonho a levou à Universidade Federal de Pernambuco, onde a recifense se formou em Jornalismo. Das brincadeiras com a câmera do pai, veio a paixão pelas telas e pela linguagem audiovisual. Começou na TV Universitária de Pernambuco, passou pela TV Alepe, TV Asa Branca (Caruaru/PE), TV Cultura e TV Globo Nordeste. Em 2008 se mudou para o Canadá, onde juntou sua experiência em televisão com a liberdade da internet. No OiCanadá, Julieta faz o que mais gosta e melhor sabe fazer: contar histórias.

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