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Inteligência artificial na imigração cresce, mas com críticas

O governo federal está à procura de um fornecedor que possa desenvolver algoritmos e um sistema de mineração de dados que ajude a avaliar os riscos de candidatos a asilo e que possa ainda calcular a capacidade de alguém conseguir se estabelecer no país quando aceito por razões humanitárias. A novidade, porém, tem sido duramente criticada por especialistas em direitos humanos.

Estudiosos da Universidade de Toronto fizeram uma grande pesquisa recentemente para avaliar o uso de IA (Inteligência Artificial) na imigração. Eles consultaram mais de 30 especialistas dentre pessoal da área de computação, tecnólogos, advogados e acadêmicos não só do país, mas também dos Estados Unidos, de Hong Kong, da Coreia do Sul, Austrália e até do Brasil.

A recomendação final do estudo é de que o governo pelo menos instale uma agência independente para monitorar e avaliar o uso de qualquer sistema de decisão automatizada que já esteja sendo utilizado ou possa ser introduzido.

Para os estudiosos, o perigo é que todas as nuances e complexidades da vida de um imigrante ou candidato a asilo sejam perdidas em meio às tecnicalidades, gerando afrontas imperdoáveis aos direitos destas pessoas, instaurando um sistema discriminatório e preconceituoso, que não garanta o respeito à privacidade dos indivíduos e que seja, em última instância, injusto, enquanto exercem um poder de vida ou morte sob a vida das pessoas.

Uma dessas especialistas é Petra Molnar, da UofT. Segundo ela, o Canadá já vem utilizando ferramentas deste tipo há quatro anos, mas por enquanto apenas para dividir os pedidos de visto e imigração em dois grupos: simples e complexos — com os complexos sendo, então, revistos por uma pessoa de verdade.

O problema é que tais algoritmos estão longe de serem neutros ou objetivos porque os programas vêm recheados com os preconceitos de quem os constrói e suas decisões são difíceis de serem contestadas porque são “opacas”.

Petra cita, por exemplo, algoritmos implantados nos tribunais dos Estados Unidos para avaliar o risco de reincidência em certos casos e que se mostraram tendenciosos em relação à cor da pele, liberando brancos e detendo um número significativamente maior de pardos e negros.

Outra especialista, Cynthia Khoo, do Citizen Lab também da UofT, critica ainda a forte aposta atual no “tecnosolucionismo”, que é a ideia que a tecnologia seria a panacéia universal contra qualquer erro ou fragilidade humana.

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