Educação
Governo canadense quer mais diversidade entre os estudantes internacionais
A vinda de estrangeiros para estudar em escolas canadenses tem papel estratégico no crescimento do país. Ela movimenta a economia, gera empregos e ainda funciona como uma espécie de centro de recrutamento de novos imigrantes. Mas o Ministério da Imigração anda preocupado com a concentração de cursos e províncias que recebem estes alunos e também com a origem dos estudantes. E isso pode ser boa notícia para os brasileiros. Entenda porquê.
Até 2014, um estudante de qualquer escola — de grande reputação ou estilo caça-níquel — podia mostrar prova de matrícula e conquistar assim um visto de estudante. Mas naquele ano o governo canadense mudou as regras do jogo, passando a admitir apenas inscritos em uma das instituições de ensino listadas por eles.
As novas regras deram também o direito ao trabalho aos estudantes por 20 horas semanais e incluiu ainda a possibilidade de trabalho para os esposos e esposas deles. Tudo isso fez a vinda de estudantes internacionais explodir no país, ultrapassando a marca dos 700 mil no ano de 2018.
Concentração
Agora, porém, o governo analisou os dados do ano 2000 até 2019 e notou que há cada vez mais concentração no perfil dos alunos que, em grande maioria, escolhem Ontário, têm entre 18 e 24 anos e são do sexo masculino.
Na questão de gênero, a diferença até que é pequena, com os homens tendo apenas 2% de vantagem, mas na questão do destino a coisa fica bem diferente, com Ontário garantindo mais de 65% dos matriculados em colleges, contra 17,1% da British Columbia.
Destinos prediletos dos estudantes internacionais
Província | College % | Universidade % |
Newfoundland & Labrador | 0,2 | 1,6 |
Prince Edward Island | 0,2 | 0,8 |
Nova Scotia | 0,5 | 4,7 |
New Brunswick | 0.8 | 1,8 |
Québec | 8,2 | 25,7 |
Ontário | 65,3 | 32,5 |
Manitoba | 1,8 | 4,2 |
Saskatchewan | 0,7 | 2,8 |
Alberta | 3,4 | 6,0 |
British Columbia | 17,1 | 19,5 |
Pensando em termos de imigração, outra fonte de angústia é a preferência dos estudantes por programas de curta duração nas áreas de negócios, administração e administração pública, quando há uma urgente demanda no mercado para pessoal formado nas áreas de saúde e TI, por exemplo.
Mas o que mais preocupa é a concentração de origem. Nos últimos cinco anos, os indianos lideraram a presença nas escolas canadenses com 34,4%, deslocando assim a antiga campeã, a China, para o segundo lugar com 16,5%. E aqui moram dois riscos.
Um seria a dependência das escolas de dois mercados que, se tiverem algum problema, podem criar um rombo na economia canadense. E, na questão da imigração, fica aberta a possibilidade de ir-se aos poucos perdendo a diversidade que tem sido há décadas a marca registrada da construção do Canadá.
A posição dos brasileiros
Agora o governo estuda medidas que possam alterar um pouco este perfil e isto pode ser boa notícia para os brasileiros, em especial aqueles interessados em cursos que tenham demanda alta no mercado de trabalho canadense e que estejam dispostos a estudar além das fronteiras de Ontário.
É que até 2009, a presença de estudantes do Brasil por aqui era mínima, dando traço nas análises dos dados. Mas entre 2014 e 2019 ela chegou a 3,3%, colocando o país como quinta maior origem de alunos, atrás apenas da Índia, China, Coreia do Sul e França. E isto quer dizer que somos conhecidos o bastante para sermos muito bem-vindos e, ao mesmo tempo, ainda não estamos na complicada faixa da superconcentração. Ou, em outras palavras, temos tudo para sermos excelentes candidatos à imigração.
Para saber mais: Statistics Canada