Siga-nos

OiCanadá

Brigith, a mais nova estudante universitária

Educação

Estudantes encaram desafios para pagar a universidade

Se cursar uma universidade já requer muito esforço do aluno, trabalhar para pagar o curso e também as contas de casa exige uma dose extra de energia e muita determinação. Conheça a história de quem vive essa experiência e afirma: o investimento em educação compensa o sacrifício.   

Ajuda do governo

Há 11 anos Brigith da Silva deixou Angola porque queria mudar de vida. O Canadá foi o país escolhido porque os amigos que moravam aqui incentivaram-na bastante. Assim que chegou, Brigith fez vários bicos: trabalhou em fábricas, foi vendedora e passou os últimos quatro anos trabalhando em um banco.

No entanto, mesmo com um trabalho bem remunerado e respeitado, ela não estava feliz. “Eu estava insatisfeita e mais uma vez senti que era hora de mudar, precisava me dar algo, me ajudar. Então, em janeiro deste ano, voltei à escola”, desabafa.

A mais nova estudante de 33 anos, escolheu o curso de Administração/Recursos Humanos na Universidade George Brown. Para pagar o curso, decidiu candidatar-se para o OSAP, que paga, além da mensalidade, o passe de metrô e ainda sobra um pouco para alimentação, mas não cobre todos os gastos do aluno.

“Eu optei pelo OSAP porque para mim era a melhor forma de me dedicar ao máximo aos meus estudos, mesmo assim ainda preciso trabalhar meio período numa cafeteria durante duas ou três vezes na semana, algo em torno de 20 horas semanais, para pagar meu aluguel e minhas outras despesas. Eu prefiro ter menos dinheiro hoje, mas não prejudicar meus estudos”, esclarece.

Sem descanço

Já a paulistana Mariane Duarte, que está no terceiro ano do curso de Contabilidade, não quis saber de OSAP. Para pagar a universidade, que frequenta de segunda a sexta, ela trabalha de sexta a domingo em um restaurante. “Eu preferi pagar a universidade logo agora enquanto estou estudando, não gosto de pagar juros. Entre pagar agora ou nos próximos anos, achei melhor quitar tudo antes mesmo de me formar. Além da universidade, ainda tenho o mortgage da minha casa para pagar ao governo” calcula a estudante de 24 anos.

Para ela, conciliar todas as tarefas do dia-a-dia é uma tarefa árdua, já que estudar não é sua única obrigação. “Eu tenho que lavar roupa, limpar a casa, cozinhar almoço e jantar, além de trabalhar todos os finais de semana. Mas não posso reclamar, pois meu marido tenta me ajudar ao máximo. Nesses últimos anos ele tem cozinhado bastante, além de limpar a casa, mesmo assim, quase não me sobra tempo para estudar, umas três horas no máximo no fim do dia”, lamenta.

Como Mariane está no fim do curso, ficou sobrecarregada com as matérias e decidiu não trabalhar mais aos domingos para se dedicar mais aos estudos. “Vou me formar neste verão e precisava de mais tempo, já que na reta final as matérias são mais difíceis e eu estou sem tempo para nada, estou quase enlouquecendo. Não trabalhando aos domingos, o dinheiro fica mais curto, mas ainda assim vou conseguir pagar as contas”, conta, aliviada, Mariane.

Para quem tem filhos

Matricular o filho em um daycare (creche) nas redondezas da universidade é um dos conselhos que Maria Eugênia Jardim, que trabalha no Family Care Office da Universidade de Toronto, dá aos estudantes que têm família para cuidar.

“Além de simplificar a vida, o estudante não gasta dinheiro e nem tempo para se deslocar, a vida fica mais fácil”, justifica. Ela também diz que o que ajuda muito o estudante é eles terem “pessoas de apoio” para facilitar a vida. “Quando estamos no nosso país de origem, muitas vezes temos pais, avós, tios, primos e até mesmo amigos de infância que nos ajudam no dia a dia, mas aqui não temos esse suporte que é necessário. Por isso, o Family Care Office promove eventos para unir as pessoas que estão na mesma situação. É importante que uma estudante que é mãe solteira, por exemplo, conheça outra na mesma situação, e que juntas elas possam trocar experiências e dar suporte uma à outra”, garante Eugênia.

Adeus à balada

Difícil é conciliar a vida social com os estudos, trabalhos e obrigações. “A gente não pode só pensar em trabalho e escola, mas é praticamente impossível sobrar tempo para diversão, por isso terminamos abrindo mão da companhia dos amigos”, lamenta Mariane.

Birigith ainda tem mais três anos de universidade pela frente. “Eu não sei se estou adorando ter voltado a estudar, mas por enquanto estou gostando”, brinca ela. “É uma dinâmica diferente, agora tenho que me ajustar financeiramente e socialmente. É praticamente uma nova vida”.

“É muito complicado sair à noite, já que fico cansada e no dia seguinte eu não rendo tanto na aula. O jeito vai ser ficar de fora mesmo e pôr a vida social de lado por um tempo, já que a educação é a coisa mais importante para mim neste momento”, afirma decidida.

Vale a pena o sacrifício?

“Educação é uma das poucas coisas que você vai ter para sempre e ninguém pode tirar de você. Só estudar não é facil, e ainda por cima ter que trabalhar requer muita determinação. Mas se o curso é importante para você, siga em frente porque nunca é tarde para recomeçar”, aconselha Brigith.

Mariane também dá a dica: “O processo não é fácil, tem que estar com a cabeça focada e abrir mão de muitas coisas durante os anos que estiver na universidade. Sempre lembre que você quer ser um profissional qualificado e não reclame quando ficar em casa estudando em vez de sair com os amigos à noite. Sem falar nos momentos em que você (no caso, eu) terá que trabalhar para pagar suas contas no horário em que os outros bebem e se divertem”, adverte.

E você, também estuda ou estudou no Canadá? Conte-nos sua experiência!

Continue lendo
Publicidade
Leia também...
Avatar photo

Martha se formou em Jornalismo em Recife e veio para Toronto em 2006 para estudar Cinema, se formando pela Toronto Film School. Tornou-se cidadã canadense em 2014.

7 Comentários

7 Comments

    Deixe uma resposta

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    Mais em: Educação

    Topo