Educação
Universidade de Montreal oferece site em português e palestras para atrair estudantes brasileiros
Em março de 2013, a Université de Montréal (UdeM) – maior universidade do Quebec e segunda do Canadá, com 60 mil alunos – inaugurou um site em português especialmente desenvolvido para atrair estudantes brasileiros para seus mais de 250 programas de graduação e 350 de pós-graduação. A estratégia foi elaborada pelo Serviço de Admissão e Recrutamento da universidade e contou com a participação de estudantes da instituição, os Embaixadores UdeM para o Brasil.
A mineira Sirléia Rosa é doutoranda na UdeM e uma das embaixadoras brasileiras. Segundo ela, o programa Estudantes-Embaixadores UdeM é recente e tem o objetivo de incluir os alunos nas atividades da universidade. “Nada melhor do que estudantes para serem porta-vozes da instituição”, explica. O projeto, que tem a intenção de aproximar a UdeM dos estudantes universitários do Brasil, conta também com uma equipe local de marketing e desenvolvimento para Web, entre outros serviços necessários para o funcionamento do website.
A partir do convite para atuar com embaixadora, Sirléia propôs à universidade a criação de estratégias especialmente para atrair estudantes brasileiros. “O objetivo de ser embaixador do Brasil nesse projeto específico era criar conteúdo para um site em português e, em seguida, planificar ações e estratégias de comunicação nas redes sociais e diretamente no Brasil, através de palestras”, diz. O site entrou no ar no último mês de março e, além de explicar o passo-a-passo para a admissão na UdeM, em português, possui vídeos de alunos brasileiros compartilhando suas histórias e impressões. “A gente repetiu uma experiência que já existe na versão francesa do site que se chama Experiénce UdeM. Esssas entrevistas permitem a desmitificação de mitos e divulgação de experiências”, conta Sirléia.
O interesse da UdeM no Brasil
Com mais de 6 milhões de estudantes universitários, o Brasil é um mercado a ser explorado por instituições de ensino internacionais. Na UdeM, quinta maior universidade francófona do mundo, brasileiros estão em todas as áreas de estudos, diferentemente de outras nacionalidades que focam em áreas específicas. “Nós também temos uma excelente formação de base na graduação. Quando começamos um mestrado, doutorado ou até mesmo um pós-doutorado, temos bases acadêmicas e profissionais muito sólidas, o que nos facilita a integração nos programas”, diz Sirléia.
Além disso, o Programa Ciências sem Fronteiras, do governo federal, é um incentivo a mais para instituições estrangeiras recrutarem estudantes no Brasil. “É uma maneira da UdeM receber mais alunos, que algumas vezes possuem um ótima formação de base mas não podem custear seus estudos. A bolsa, neste caso, arca com as taxas escolares, curso de aperfeiçoamento linguístico, se necessário, e ainda outros benefícios como auxílio viagem e moradia”, explica.
A estudante Carla Marchandeau Conde, de Belo Horizonte, está finalizando seu processo de admissão para começar, em janeiro de 2014, um mestrado em Direito Internacional na UdeM. Segundo Carla, muitos estudantes são desencorajados de estudar no exterior justamente pela complexidade dos processos de admissão. “O brasileiro que pretende estudar na UdeM possui toda a ajuda necessária para sanar suas dúvidas, o que certamente foi viabilizado pelo site em português, bem como pelo embaixadores que, além de falarem a nossa língua, já passaram pelo processo de admissão”, diz.
A troca de experiências, mais uma vez, é assunto central dos envolvidos no programa. Estudantes, como Carla, têm no grupo do Facebook um apoio a mais: a vantagem de conhecer Montreal antes mesmo de chegar aqui. “No grupo surgem vários tipos de questionamentos e discussões, o que acaba por contribuir com todos os interessados”, completa.
Segundo Sirléia, o grupo de discussão foi criado enquanto o site estava em desenvolvimento e já demonstrou o alcance que o projeto teria. “O grupo foi criado em janeiro e, em dois meses, já tínhamos mais de 600 participantes. Mais de 90% deles ainda estão no Brasil, grande parte fazendo o processo de admissão”, completa.
E como era antes?
Para a curitibana Jéssica Gerlach, estudante do terceiro ano do Bacharelado de Psicologia e Sociologia na Université de Montréal, o novo site pode facilitar a vinda de outros conterrâneos, diminuindo as dúvidas com relação aos requisitos de seleção. “Uma das dificuldades que tive durante o processo de seleção foi a de compreender as exigências da Universidade quanto aos diplomas estrangeiros. Agora, o site oferece uma tabela super prática e fácil sobre o que é exigido para cada programa”, diz.
Em todo o mundo, brasileiros são conhecidos por sua facilidade de integração e força de vontade. Segundo Jéssica, a criação do site em português e de uma comunidade para estudantes da UdeM no Facebook vai ajudar os recém-chegados a conhecer e contatar outros brasileiros estudantes na Universidade. “Ultimamente várias atividades da universidade tem como tema o Brasil”, completa.
Resultados
Hoje, três meses após o lançamento oficial do site, o projeto intensificou suas estratégias e iniciou uma série de palestras em universidades no Brasil. Sirléia, junto com dois outros estudantes embaixadores, Lina Donnard e Rogério Bilheiro, se mostra animada. “A primeira palestra, no dia 6 de junho, em São Paulo, foi um sucesso. Tivemos mais de 200 pessoas inscritas!”, conta.
E os resultados do trabalho já começam a ser contabilizados. Bolsistas já são esperados para julho e agosto, para o semestre que começa no outono. “No início do projeto a gente tinha cerca de oito bolsistas pelo programa Ciências Sem Fronteiras, e esse número aumentou mais de 200%. Sem contabilizar os outros estudantes que, através de feedback divulgado no grupo Facebook, nos revelam que estão vindo estudar por conta própria ou através de intercâmbios entre a UdeM e suas respectivas universidades.”
Quantas vezes nos deparamos com sites feitos para o público brasileiro mas que têm erros de tradução, imagens que não nos representam culturalmente? Por isso, o êxito desse projeto tem, segundo Sirléia, uma razão especial. “Além do know-how como profissionais da área, a gente tem também o know-how cultural, que é difícil um estrangeiro ter. Esses elementos, mais o fato de conhecermos o caminho das pedras e de compartilharmos nossas experiências enquanto estudantes, agregam muito valor ao projeto”, diz.
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foto: abdallahh