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Estudando jornalismo no Canadá

Quando me mudei para o Canadá, em 2007, uma das minhas maiores preocupações era voltar a estudar. Logo que cheguei, fui informada de que a minha faculdade de Relações Internacionais de 4 anos no Brasil não serviria para nada no meu novo país de residência. Só esse fato já me fez perder a paixão pelo curso de RI, então saí em busca de novas opções de estudo e carreira no Canadá.

Embora eu tenha morado três meses em Toronto, acabei me mudando para Waterloo – que fica há mais ou menos 1 hora de distância de Toronto – porque meu marido , canadense, morava lá. Então achamos mais fácil que eu me mudasse.

Sendo assim, logo que cheguei aqui arrumei um trabalho no call center do programa de fidelidade da Air France. Lá eu atendia as ligações vindas do Brasil. Meu inglês, ao invés de melhorar, piorou, afinal eu passava o dia atendendo ligações em português.

Um mês depois eu fiquei sabendo que estava grávida. Então meu plano de voltar a estudar não estava, de novo, nas minhas prioridades. Mas em 2011 decidi que não dava mais pra deixar meus estudos em segundo plano. É muito importante nos realizarmos profissionalmente. E lógico que eu não queria passar o resto da vida atendendo ligações.

Eu procurei uma conselheira de carreira para me orientar, pois embora eu quisesse estudar, não sabia o que eu queria estudar. Ela me passou vários websites para que eu fizesse teste vocacional e me informasse sobre as profissões.

Mas não foi de grande ajuda. Segundo os testes vocacionais eu deveria estudar direito. Mas, sinceramente, embora eu ache um curso fascinante, não tinha me convencido de que este era o curso ideal para mim. E tive a certeza de que não daria certo depois de perceber que iria demorar mais uns 6 anos, no mínimo, para receber o diploma de advogada. Sinceramente, eu não queria passar mais 6 anos estudando, afinal eu já estava beirando os 30 anos.

Foi então que, em uma noite gelada, eu cruzei com o jornalismo na internet em uma das minhas pesquisas por profissões. Fui dormir pensando nisso, torcendo para que esse curso fosse ministrado na minha cidade e não demorasse mais de três anos para receber o diploma.

No dia seguinte, marquei um horário com a conselheira de carreira. Ela levou um susto, pois nunca havia sido cogitada uma carreira de jornalismo para mim até então. Na mesma hora ela me disse que o curso era oferecido no Conestoga College, em Kitchener, cidade vizinha de Waterloo, e que eu precisaria fazer um teste de inglês do próprio college para me qualificar para o curso. O que eu achei ótimo porque não teria tempo para me preparar para exames como o TOEFL e o IELTS.

Eu já tinha feito o teste de proficiência de inglês duas vezes, e não havia passado nas duas. Eu só havia estudado inglês por três meses logo que cheguei ao Canadá. Tinha aprendido a língua basicamente assistindo à TV e lendo livros e jornais. Por isso gostei muito quando me informaram que o próprio college oferecia um programa de inglês, e que ao final do programa eu poderia cursar qualquer curso deles.

Amary e suas amigas coreanas do curso de inglês

Amary e suas amigas coreanas do curso de inglês

Fiz o teste para avaliar o meu nível de inglês e passei direto para o último nível. Foram 4 meses de inglês intensivo. Mas recebi o certificado do curso, que foi o meu passaporte para o curso de jornalismo, e também fiz parte do honour list do college.

Em setembro de 2012 começou o curso de jornalismo com ênfase em rádio e TV. Eu sou a única imigrante do curso, por Kitchener ser uma cidade pequena. Isso dificilmente aconteceria em Toronto. A maioria dos outros alunos são estudantes que acabaram recentemente o terceiro ano do ensino médio. E no início não foi muito fácil não. Eu morria de vergonha de falar em inglês em público por causa do meu forte sotaque brasileiro. Mas venci a vergonha, e já estou no segundo ano do curso.

Passo o dia gravando em estúdio ou na rua. O curso é muito intenso, mas acredito que esteja sendo uma ótima experiência prática. Acabando o curso de jornalismo em maio de 2014, minha volta ao Brasil já está marcada. Embora o Canadá seja um país maravilhoso, eu sinto muita falta da minha família, meus amigos, minha cultura, minha comida, etc. Espero que a experiência de estudar jornalismo no Canadá me ajude a encontrar um bom trabalho no Brasil.

Envio abaixo mais informações sobre o meu college, para quem se interessar.

O Conestoga College é reconhecido pelo governo canadense para imigração via CEC. Ao se formar em alguns cursos você recebe um degree (diploma), o que muitas vezes só acontece quando se conclui uma universidade, e os colleges oferecem preços bem mais acessíveis do que universidades. É válido lembrar que estudantes internacionais pagam mais caro pelo curso. Meu status no país é de residente permanente, o que me permitiu pagar bem menos para me formar.

Amary Nicolau cursa o último ano de jornalismo no Conestoga College, e está se especializando em rádio e TV. Ela estudou Relações Internacionais no Brasil, em sua cidade natal, Campinas. Agora está dando seus primeiros passos como jornalista.

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