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A preparação para fazer um curso de pós graduação fora do Brasil

Quando você tem 17-18 anos e começa a cursar uma universidade geralmente não sabe o que quer da vida, dificilmente sabe o que o curso escolhido vai te ensinar e o futuro profissional parece algo distante, uma preocupação que só virá a sua cabeça depois de longos 4-5 anos de estudo. Depois de formado, com uma profissão definida, escolher continuar a estudar – seja através de cursos de especialização ou pós-graduação – é certamente algo mais planejado. E escolher fazer um desses cursos fora do Brasil (i.e. for a de sua zona de conforto) é algo que deve ser ainda mais planejado.

Decidir estudar em Toronto não foi uma tarefa fácil. Seriam 4 anos de doutorado em uma das melhores universidades do mundo – a Universidade de Toronto – e trabalhando juntamente com líderes mundiais na área de Reabilitação Cardíaca. Além disso, não tinha mais os 18 anos de quando iniciei minha faculdade de fisioterapia no sul do Brasil: tinha minha profissão, meu emprego, minha casa, minha família e laços de amizade e carinho que não queria quebrar. Porém, quando oportunidades deste tipo surgem na nossa vida – e certamente elas acontecem uma vez somente – nós temos que abraça-las. E foi isso que eu fiz! Mudar para Toronto foi parte de um processo de crescimento pessoal e também de realização pessoal e profissional. São poucas as pessoas que têm a possibilidade de trabalhar e estudar na sua área em um outro país, viver em uma nova cultura, aprender um, ou talvez dois idiomas e evoluir sua percepção de comunidade e de civilidade.

Se você tem vontade de estudar fora do país, expandir seus horizontes e aceitar este desafio, hoje escrevo 5 passos para ajudar na sua preparação:

1. A escolha da universidade

Você deve escolher a universidade pela área da sua pesquisa e não pela cidade. E apesar desta dicas ser simples, ela é valiosa! Foi assim que escolhi Toronto, que possui o maior centro de reabilitação cardíaca do Canadá e um dos maiores da América do Norte. Os cursos não são baratos, morar fora nem sempre é uma tarefa fácil, os cursos tomarão 4 ou 5 anos da sua vida… então escolha um local que te trará prestígio e irá te diferenciar no mercado de trabalho.

2. Contato com orientadores

Depois de escolher o centro especializado naquilo que você vai pesquisar, entre em contato com possíveis orientadores. Mas, e a preocupação de não receber resposta? Aqui isso não é problema, já que os canadenses respondem todos os emails e eu fico impressionada como as respostas dos emails mais estranhos chegam em tempo recorde. Portanto, não se preocupe com isso. Se você não achou nenhum professor na sua área específica de estudo, mande email para o Graduation Office (escritório de pós graduação – em inglês pós graduação é graduation), que eles geralmente indicam alguém para você conversar.

3. Para ingressar na universidade

Cada instituição possui seu sistema de ingresso, assim como cada curso dentro da mesma instituição. Seu orientador – que geralmente deve ter sido escolhido antes do processo seletivo – certamente trará dicas de como se matricular. Em primeiro lugar, não perca as datas e deadlines para mandar seus documentos. No meu caso – estudante full-time, ou em tempo integral – o prazo dos documentos foi março, a resposta veio em maio e em setembro comecei a estudar. Assim que você souber o prazo comece a separar os documentos: você vai precisar traduzir vários documentos, recolher cartas de recomendação, fazer teste de proficiência da língua (geralmente você tem uma nota mínima para alcançar), escrever um pré-projeto, etc. E tudo isso leva tempo. Planejamento é fundamental! Todas as etapas precisam ser planejadas com cerca de 10-12 meses de antecedência para que sejam analisadas com calma e para que possíveis imprevistos sejam solucionados.

Muitos dos cursos de pós-graduação só aceitam inscrições se um professor já aceitou ser seu orientador (ele vai escrever uma carta para você). E esse orientador só vai aceitar ser seu se você tiver um plano de estudos e um CV na área. Por isso, o contato inicial que falei anteriormente também é muito importante aqui. Além disso (e sempre tem um porém certo?), você deve levar em consideração que nem sempre você consegue de cara ter o “Sim” do seu orientador apenas pelo seu CV: você tem que trabalhar como voluntário por um tempo em algum dos projetos dele. Comigo aconteceu assim: 1 ano antes do meu doutorado vim para o Canadá e fiquei 3 meses trabalhando no meu projeto de mestrado (que estava fazendo no Brasil). Paguei todas as despesas da viagem e assim eles conheceram meu trabalho.

4. Despesas, bolsas e vistos

Os cursos de pós graduação não são de graça como no Brasil. Por ser estudante internacional o valor é altíssimo (mais do que o dobro do preço para estudantes domésticos). Há vários opções de bolsas para conseguir fundos para ajudar com suas despesas e após o contato inicial com seu futuro orientador o ideal é falar sobre funds com ele. No geral, você deve aplicar para algumas bolsas, fazer provas, mandar documentos… é trabalhoso mas vale a pena pois há bolsas que cobrem os 4 anos dos estudos (no caso de doutorado).

Em relação ao visto, caso você seja aprovado como full-time student ou seja, estudante em tempo integral (e acredito que somente assim) você conseguirá um visto de estudante e seu marido/esposa um visto de trabalho. Com o visto de estudante não é possível trabalhar em nada fora de sua área, ou fora do campus da universidade. Por exemplo, eu tenho o visto de estudante mas trabalho no hospital como pesquisadora, e na universidade como TA (teaching assistant). Não poderia trabalhar em nada que não fosse relacionado com meus estudos, e isso é (muito) importante que você saiba na hora de pensar em vir para cá estudar. Mas adianto que as universidades possuem várias vagas para alunos que queiram trabalhar, seja em restaurantes, bibliotecas, lojas localizadas dentro do campus, etc.

5. O seguro de saúde

Uma das primeiras coisas que devemos nos preocupar quando viajamos – para não nos preocuparmos enquanto nos viajamos – é com o seguro saúde. Aqui no Canadá você não consegue o seguro saúde do governo se estiver com visto de estudante. A Universidade de Toronto tem um seguro para estudantes internacionais que são residentes permanentes ou não residentes: você pode pagar por mês ou por ano e o preço é super bom (em torno de $70 por mês). Além disso, a universidade possui clínicas com médicos e outras especialidades. E, não só isso: há vários locais com aconselhamento para pais, estudantes que têm problema em lidar com ausência da família, creches, etc. O ideal é que você procure o Centro de Estudantes Internacionais da sua Universidade.

Uma dica: quando você entrar em contato com a Universidade ou com seu futuro orientador, sempre pergunte sobre o seguro de saúde. Isso é fundamental para você ficar tranquilo enquanto completa seus estudos. E é, certamente, uma das últimas coisas que pensamos quando estamos decidindo estudar fora do país.

Gabriela Ghisi é estudante de Doutorado na Universidade de Toronto e escreve sobre sua trajetória de 3 anos no Canadá no seu blog Gaby no Canadá. Ama sua vida Canadense e compartilha cada segunda dela com seus inseparáveis companheiros Juliano (marido) e Joe (cão).

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