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Uma noite com os Beatles
Paul McCartney trouxe John Lennon, Ringo Star e George Harrison para o palco do Air Canada Center. Foi um show inesquecível e no melhor estilo do quarteto de Liverpool.
Admito que nunca fui “beatlemaníaca”, mas cresci ao lado de uma. Lílian é o nome da minha amiga de infância e foi através dela conheci os Beatles e passei a curtir as músicas da banda. E foi graças a Lílian que eu fui ao show de Paul McCartney ontem à noite, no Air Canada Center. Lá de Recife, onde mora, ela me escreveu: “Você não pode perder esse show. Vá nem que seja por mim. Só eu sei o quanto gostaria de ter essa chance”. Deus me livre negar um pedido desses. Providenciei o ingresso no dia seguinte.
E ontem, finalmente, estive diante de Mr. McCartney. A primeira parte do show foi, digamos, mais lenta e reflexiva. Paul McCartney cantou algumas músicas de sua carreira solo, fez uma breve tributo a Jimi Hendrix, falou de esperança ao cantar Blackbird e emendou para uma série de homenagens emocionantes. Primeiro, My Love para a ex-mulher Linda McCartney, que morreu de câncer em 1998 e que, segundo Paul, é o grande amor da sua vida; depois, chorou ao falar de John Lennon e George Harrison.
Mas o momento “tristeza” foi rápido. Aliás, Paul pareceu ser super bem humorado, ou se não é, estava inspirado naquela noite. Ao longo do show ele contou histórias engraçadas e brincou muito com a plateia. Depois de cantar Blackbird, por exemplo, disse que foi difícil lembrar a letra da música porque acabou se desconcentrando ao ler alguns cartazes trazidos por fãs. “Eu sei que tenho que desviar o olhar dos cartazes, mas não consigo. Quase improviso a letra da música aqui”, contou.
A partir da metade do show, ele começou a tocar algumas baladas mais conhecidas da época dos Beatles. E sabe aquelas músicas que quando tocam no nosso MP3 player, a gente passa adiante em menos de cinco segundos porque não aguenta mais ouví-las? Não sei se isso acontece com fãs incondicionais dos Beatles, mas pra mim acontece sempre que eu ouço Hey Jude. Portanto, pra vocês terem uma ideia de como o show foi bom e de como a energia tava maravilhosa no Air Canada Centre, basta dizer que quando Paul cantou Hey Jude, eu passei não menos do que cinco minutos cantando o refrão La la laaaa, la la laaaa, com os braços levantados, como se aquela fosse a primeira vez que eu ouvisse a música. E não só eu, mas 90% da plateia. Definitivamente, não é qualquer um que consegue uma façanha dessas.
Daí pra frente, o show justifica o título deste post: Uma noite com os Beatles. As músicas foram todas da época da banda, “muito rock n’roll”, como disse Paul. Permitam-me o resumo: foi uma delícia! E quando pensávamos que havia terminado, eis que ele voltou pra mais uma rodada. “Let’s party, everybody”. Engraçado que lá pelas tantas da noite é que me dei conta que estava diante de um senhor de 68 anos! Uma vitalidade impressionante, de quem soube envelhecer (se é que o termo é o mais apropriado).
Antes de se despedir definitivamente, chamou uma fã no palco e assinou o nome no braço dela. Resta saber quanto tempo a moça vai ficar sem tomar banho ou se vai decidir transformar o autógrafo numa tatuagem. Algo, aliás, a se esperar de um beatlemaníaco que se preze. Tou certa, Lílian?