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Estudar no exterior traz crescimento profissional e emocional

Muitas pessoas perguntam se estudar inglês no exterior vale a pena. O investimento é alto e muitas vezes é preciso abrir mão de muita coisa. Rodrigo Schmiegelow, que está em Toronto há três meses, ajuda a esclarecer essa questão.

Acredito que a maioria dos jovens profissionais no Brasil sabem que muitas das grandes empresas encaram uma experiência internacional como diferencial do candidato e, a cada dia, isso passa a não ser mais apenas um diferencial, mas sim um aspecto essencial para o profissional que busca uma boa oportunidade. O bom domínio da língua inglesa, por exemplo, passou de um aspecto diferencial para essencial em poucos anos.

Desde que comecei a publicar posts aqui noOiCanadá, falando sobre meu intercâmbio no Canadá, venho recebendo muitos e-mails de leitores que me perguntam: “Mas essa experiência vale mesmo a pena?”

Eu sempre respondo que para mim está valendo sim. Antes da viagem, eu tinha uma vaga ideia de como ela seria, mas só mesmo vivenciando para conhecer essa experiência tão intensa, absorvida de maneira diferente por cada um que passa por ela.

Acredito, pelo que eu venho percebendo, que há dois principais tipos de experiência:

Uma é para os mais jovens, que se formam no colégio ou trancam a faculdade para viajar e acabam adquirindo maturidade rapidamente. Isso acaba sendo uma quebra geral na vida dessas pessoas. Da noite para o dia elas saem de casa, onde tinham um certo conforto e tranquilidade, para viver em um país completamente diferente, onde não conhecem ninguém e mal conseguem conversar porque não falam o idioma local e, mesmo hospedados em uma homestay, começam a ter que se preocupar com lavar roupa, administrar melhor o dinheiro, se alimentar direito, estudar sem ter cobrança dos parentes, etc.

Começam também a ter que resolver problemas sozinhos, já que devido à distância da família e amigos, muitas vezes acontece algo e não há ninguém para socorrê-los, quem ajudar, e assim adquirem “jogo de cintura” em pouco tempo. E é perceptível essa maturidade no rosto dos que chegaram comigo: há dois meses estavam sorridentes e tranquilos, e agora a feição já é de quem tem preocupação com as coisas, de quem pensa melhor antes de agir e valoriza mais o que tem e o que está ao seu redor.

O outro tipo de experiência é para os que já são um pouco mais velhos (aproximadamente oito anos a mais que as pessoas do exemplo anterior, ou seja, uns 26 anos) e tiveram que abrir mão de algumas coisas para poder viajar. Juntaram dinheiro, venderam carro, alguns com ajuda dos parentes, outros não, mas que tiveram que fazer um esforço um pouco maior antes de partir e, assim sendo, a viagem já começa como uma grande conquista.

Essas pessoas já chegam sabendo da importância que essa experiência tem em suas vidas e o quanto isso será um diferencial quando voltarem para o país de origem. Para esse tipo de pessoa, (e me incluo entre elas), a maturidade também chega mais intensamente. A quebra do cotidiano acontece com o desligamento da vida profissional, dos familiares e amigos. E, no caso dos brasileiros, como a maioria nunca teve experiência de morar sozinho anteriormente, mesmo já tendo uma vida financeira auto-sustentável, eles começam a ter que pensar na responsabilidade de administrar uma casa também (comida, roupa limpa, higiene pessoal, limpeza do local, etc). Assim, passam a administrar completamente sua própria vida, conquistam uma independência ainda maior.

Além disso, essas pessoas, por já terem tido experiências profissionais no país de origem, já têm a preocupação de como será encarar novamente o mercado de trabalho quando voltar. Os que vêm com apenas um mês de moradia garantida, ou, até mesmo, sem lugar nenhum pra ficar, passam por uma experiência bem radical, que comentei anteriormente no post A difícil procura por um quarto para alugar.

Posso falar por mim, mas acredito que vale para todos. Se paro para pensar rapidamente em tudo o que já vivenciei aqui, tenho um filme enorme para contar. Desde as primeiras duas semanas, que foram só novidade, até hoje, em que estou complentando meu terceiro mês em Toronto, posso dizer que agora a saudade começa a apertar um pouco mais e a valorização das coisas que ficaram distantes começa a aumentar.

E por que tudo é tão intenso?

Além do desligamento total de tudo a que a pessoa estava acostumada no país de origem e dessa nova vida praticamente sozinha, como comentei acima, essa experiência traz também a oportunidade de ter contato direto com um país que tem uma cultura diferente da brasileira. Apesar da globalização e do fato de o Brasil também ser um país bem diversificado, as características principais do Brasil e do Canadá tiveram maior influência histórica de países distintos, além de que um é desenvolvido e o outro não, o que para nós é um cenário novo. Algumas das diferenças que percebi aqui comentei no post O que Toronto tem de diferente.

Outra novidade é sentir como se estivesse praticamente começando tudo de novo e fazendo novos amigos a cada dia. Algumas amizades, inclusive, são muito intensas. Às vezes me pergunto como posso considerar tanto uma pessoa que conheço há apenas um mês? E são pessoas que, em geral, possuem culturas completamente diferentes da nossa.

Essa “intensidade” nas relações pessoais se justifica pelo fato de sabermos que isso tudo tem data para acabar. Por isso, queremos fazer e conhecer tudo o mais rápido possível, e acabamos assim tendo uma vida social mais ativa, aproveitando melhor o tempo.

Tem também a velocidade do aprendizado do idioma. Aqui em Toronto o ritmo é frenético, aula de inglês o dia todo, muitas horas por dia.

Finalizo com o que um amigo que fez intercâmbio certa vez me falou: “Quando eu estava no intercâmbio, meu sentimento em relação a tudo era dobrado, ou seja, se eu ficava feliz, era duas vezes feliz, e se eu ficava triste, acontecia a mesma coisa”, e agora vejo que isso realmente é verdade.

Aqui estou mais, acredito, sensível, tanto quando estou triste, quanto feliz, o que para mim também é um aprendizado, pois acredito muito no desenvolvimento pessoal a partir de experiências vividas, e se elas são intensas, o aprendizado é muito maior.

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Rodrigo Schmiegelow, um jovem que veio da cidade de São Paulo para se aventurar e descobrir Toronto. Publicitário formado em 2009, no curriculo possui experiência como designer gráfico, criativo em agencia de comunicação, e, nos ultimos três anos, tem trabalhado na área de Marketing. Nas horas vagas investe seu tempo em uma empresa de e-business que começou com uma sócia de criação e desenvolvimento web.

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