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Homestay Toronto: Uma decepcionante experiência

Falta de sorte? Depois de passar um mês morando em uma homestay em Toronto, Rodrigo Schmiegelow conta por que não gostou da experiência.

Pode até soar um pouco estranho para os brasileiros, mas aqui tenho vivido em um porão. Traduzido para o inglês como basement, diferentemente do que imaginava, não são aquelas portas horizontais que abrem para cima e dão em um buraco escuro, cheio de bagunça e poeira. Os basements costumam ser bem espaçosos e são uma forma de aproveitar o espaço da fundação da casa, que frequentemente vira um quarto extra ou até mesmo um pequeno apartamento anexo.

Minha primeira experiência com moradia aqui em Toronto foi em uma homestay, vim do Brasil já com um mês de hospedagem contratado, período de adaptação em Toronto. Foi o bastante para que eu procurasse outro local mais em conta, já que a homestay custa, em média, C$750 por mês com duas refeições inclusas (se contratada através de uma agência de intercâmbio no Brasil).

Decepção

Acredito que não tive muita sorte com a família que me acolheu. O primeiro impacto negativo foi assim que cheguei. Como falei em meu primeiro post, Publicitário ganha carona de boas-vindas, ganhei uma carona logo no aeroporto, então acabei chegando bem mais cedo do que imaginei, por volta das 7h da manhã, quando havia combinado com minha hostmother (mãe de acolhimento ou dona da casa) que chegaria por volta das 10h. Por isso acabei não tendo uma recepção muito calorosa, principalmente do hostfather que não fez questão de disfarçar sua irritação por ter sido acordado cedo, em pleno sábado. Mas até aí tudo bem, falha minha. Segui em frente como se nada tivesse acontecido.

Meu quarto era bem pequeno. Tinha uma cama, um armário desmontável, um criado mudo, uma escrivaninha e uma mesinha dobrável com um banquinho. A luz era individual, eu acendia diretamente na lâmpada, não precisava de interruptor. Não era nem um pouco confortável para estudar ou usar notebook, e tinha que fazer isso fora do quarto.

A casa era bem comercial, como um mini-hotel mesmo, com quatro quartos para alugar: um na parte de cima, segundo andar, um no andar principal, com a porta no corredor entre a grande sala de três ambientes e a cozinha, e mais dois quartos no basement, onde, logo após a escada, tinha a área de serviço, com máquina de lavar roupas, tanque e secadora e, depois da porta, um depósito de brinquedos dos dois filhos do casal filipino, os donos da casa. Havia ainda uma cozinha desativada e uma pequena sala com sofá, televisão, rádio e DVD para os hóspedes que não podiam ficar na mesma sala da família no andar principal.

A alimentação, como comentei no meu último post, O que Toronto tem de diferente, não foi como imaginei, principalmente o café da manhã no estilo self-service. Meu jantar era deixado no prato, e variava entre frango e carne de porco, um dia frito, outro no estilo sopa, ensopado ou sei lá o quê. Não tinha opção de repetir. Não tinha variedade, nada de legumes e verduras, apenas os dois pedaços de carne e pronto. Os pratos dos hóspedes eram deixados na mesa da cozinha e podíamos nos servir do arroz que ficava na máquina de arroz. Já o jantar da família era uma comida diferente, eles comiam na sala principal e não havia envolvimento algum conosco.

E esse foi o ponto principal de eu não ter gostado do homestay: a falta de envolvimento da família. O motivo de ter escolhido ficar em uma homestay foi justamente para me sentir introduzido à cidade, à cultura e poder praticar a conversação com uma família canadense, mas nada disso aconteceu. As poucas vezes que a hostmother conversava comigo era quando eu voltava da escola à tarde, mas era uma conversa rápida, do estilo: “Está frio hoje, né?”. E a única coisa que ela me mostrou foi onde era o metrô, a 10 minutos a pé da casa.

Tive interação e envolvimento com os outros hóspedes, um da Arábia Saudita, dois da Coréia (que quase não via), e, quando um coreano saiu da casa, chegou um japonês que estudava na mesma escola que eu e pra quem fiz o papel de host, apresentando a cidade, mostrando o caminho até a escola etc.

Apesar das diferentes culturas, a relação era muito boa entre nós, sem muita diferença no dia a dia em relação à higiene, à forma de se alimentar, etc. Neste ponto ou tive sorte, ou sou mais desencanado ou receptivo mesmo.

O lado bom

E para não dizerem que só reclamo, o fato de a homestay ter esse caráter mais “comercial” teve também um lado bom: você fica mais à vontade para entrar, sair e se alimentar a hora que quiser, sem ter que dar muita satisfação.

Outra coisa de que gostei bastante foi da filha de dois anos do casal. Toda vez que eu chegava à tarde, ela vinha brincar comigo. Consegui matar um pouco da saudade dos meus irmãos mais novos que estão no Brasil.

Se você por acaso teve uma boa experiência em uma homestay, gostaria de saber, se puder deixar um comentário aqui seria muito importante para mostrar os dois lados e não assustar as pessoas que pensam em ficar em homestay em Toronto.

Élida Rocha também falou para o OiCanadá da sua experiência em uma homestay no post Uma caixinha de surpresas chamada host family.

Rodrigo Schmiegelow, um jovem que veio da cidade de São Paulo para se aventurar e descobrir Toronto. Publicitário formado em 2009, no curriculo possui experiência como designer gráfico, criativo em agencia de comunicação, e, nos ultimos três anos, tem trabalhado na área de Marketing. Nas horas vagas investe seu tempo em uma empresa de e-business que começou com uma sócia de criação e desenvolvimento web.

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