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Há chance de estouro da bolha imobiliária em Toronto e Vancouver?

A UBS, empresa multinacional suíça que é um peso-pesado no mercado de serviços financeiros e investimentos, faz regularmente um levantamento dos indícios de risco de bolha imobiliária em 25 grandes cidades do mundo com base na análise de cinco itens: a relação entre preço de imóveis e renda e valor de aluguel e renda, as alterações detectadas na proporção entre hipoteca e PIB e também em termos de construção e PIB e, por fim, uma comparação entre o preço relativo das propriedades em uma cidade e no restante do país. E o resultado deste ano mostra que Toronto e Vancouver se encontram em uma posição delicada. 

Na pesquisa da megacompanhia suíça, é sem surpresa alguma que encontramos Toronto em segundo lugar, só perdendo para a alemã Frankfurt. E atrás de TO — depois de Hong Kong, Munique (com tendência de queda) e Zurique — ainda temos Vancouver onde, aliás, 30% das compras feitas em 2021 ficaram nas mãos de gente que já tem várias propriedades, o que indica que a especulação segue forte. Mas, afinal de contas, o que é uma bolha imobiliária?

A bolha é um evento temporário, mas que pode durar anos e é caracterizada por preços insustentáveis ligados a um aumento da demanda em um mercado com baixo número de imóveis à venda. O problema é que bolhas explodem e quando isso acontece há um impacto negativo que atinge gente de várias classes sociais que compraram em alta e agora têm em mãos uma casa ou apartamento que vale muito menos. Ou são os juros que sobem e aí o financiador se vê, de repente, incapaz de seguir pagando sua hipoteca. Mas independente de como a bolha é furada, o fato é que o impacto é sempre dramático, se espalhando pela economia como um todo.

Efeito pandêmico

O Canadá vinha já há 30 anos registrando o crescimento mais rápido de preço de imóveis residenciais dentre todos os países do G7. Toronto, na última década, por exemplo, viu o preço real dos imóveis quase dobrar em função de um crescimento populacional misturado com baixas taxas de juros de financiamento. 

O mercado da cidade até que passou por um freio leve entre 2018 e 2019, com a introdução de algumas medidas de restrição, mas voltou a colocar o pé no acelerador com a chegada da pandemia. É que o coronavírus ampliou a importância do espaço onde as pessoas vivem, incentivando o comprador a desembolsar mais na compra de um lar, doce lar sob medida para sobreviver aos lockdowns.

Ao mesmo tempo, as regras de financiamento foram flexibilizadas durante o caos pandêmico enquanto parte da população se viu com mais dinheiro guardado, por simplesmente não ter como gastar com viagens e outras coisas do gênero.

Tudo isto movimentou o mercado imobiliário no mundo todo, mas fez também do comprador em Toronto o mais endividado do país e o temor é de que o banco central canadense suba a taxa de juros em 2022, o que pode deixar muita gente em situação complicada e encerrar o frenesi visto hoje na cidade.

Enquanto isso, em Vancouver, as coisas seguiram um rumo bem semelhante. A loucura dos preços não freava os investidores já fazia anos, mas o governo se mexeu um pouco em 2016 e novamente entre 2018 e 2019, dando uma ligeira esfriada nos ânimos. A chegada da pandemia, no entanto, deu novo fôlego aos compra e vende também em Van City, com o registro de crescimento de 11% no valor dos imóveis por lá entre a metade de 2020 e a metade de 2021.

E agora?

Agora, pairam dúvidas e o conselho dos especialistas é ter toda cautela do mundo. Prever com acerto um estouro de bolhas simplesmente não existe. Mas análises como esta da UBS podem servir para quem está na dúvida do compra-não-compra se decidir ponderando a possibilidade que, ainda por cima, se apresenta hoje com um fator complicador.

É que os novos desejos e possibilidade de trabalho remoto criados pela pandemia associados ao alto valor dos imóveis nas grandes cidades gerou um fenômeno inusitado que viu o preço dos imóveis em áreas rurais crescer mais rapidamente que nos centros urbanos pela primeira vez desde o começo dos 1990. E, apesar de ainda haver muita incerteza sobre esse movimento, se ele é temporário ou uma tendência que veio para ficar, ele de fato impactou o mercado tornando as coisas ainda mais difíceis, em especial, para quem está de olho na aquisição de seu primeiro imóvel.

Leia o relatório completo da UBS, em inglês.

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