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Programa do TTC visa evitar suicídio nas estações de metrô

A iniciativa faz parte da campanha “Crisis Link”, lançada ontem (16/06) em parceria com o Distress Centres (centros de angústia) da cidade. Em média, ocorrem dois suicídios por mês no metrô de Toronto.

Cartazes e avisos com mensagens “Pensando em suicídio? Existe ajuda. Vamos conversar” nas mediações das estações de metrô de Toronto deixarão claro que o objetivo do serviço é prevenir a prática suicida. Além disso, até o fim de julho, em todas as estações de metrô serão instalados telefones públicos com botões que irão direcionar a ligação ao Distress Centres of Toronto durante todo o tempo em que o metrô estiver operando.

O projeto é o primeiro desse tipo na América do Norte e deve custar cerca de C$100 mil ao TTC. Parte dos custos serão cobertos pela Bell Canada, empresa de telefonia do Canadá. Em entrevista ao OiCanadá, Karen Letofski, diretora executiva do Distress Centres, afirmou que voluntários estão recebendo treinamento extra para lidar com pessoas em estado de angústia e desespero. “Nossos conselheiros são cuidadosamente selecionados e, antes de atuarem, recebem um treinamento intensivo de 50 horas incluindo resgate de suicídio e intervenção. Para o projeto “Crisis Link”,eles irão receber um módulo adicional que irá incluir habilidades mais avançadas em lidar com uma crise que possa levar ao suicídio”, explicou ela.

Ajuda como estratégia para evitar o suicídio

Durante algum tempo, a direção do TTC evitou divulgar qualquer informação ligada ao suicídio, temendo que a população cometesse o ato com mais frequência. Funcionários da linha de frente do metrô vêm sendo treinados para identificar pessoas com sinais de angústia e como interferir em qualquer ação que possa colocar suas vidas em risco. Apesar dessas medidas, o número de pessoas que tiraram a própria vida parece não ter diminuído. “Desta vez, a palavra suicídio está sendo usada para eliminar o estigma e criar um sentido de ajuda e esperança. Queremos quebrar o silêncio e gerar uma nova mensagem. Na campanha não existe nenhum gráfico ou detalhes de pessoas que se suicidaram nas estações. O que queremos é falar sobre ajuda como estratégia para prevenir o suicídio”, afirmou Letofski.

O TTC tem como um dos objetivos instalar uma plataforma com portas protetoras que poderão evitar que pessoas pulem nos trilhos, mas o projeto custa caro. Para cada estação, estima-se que sejam gastos C$5 milhões. O alto valor está ligado à tecnologia, uma vez que para alinhar as portas do metrô com as da plataforma, seria necessário a instalação de um sistema computadorizado.

As primeiras estações a possuir o serviço

As estações Bloor-Yonge e Wellesley serão as primeiras a terem os telefones e cartazes da campanha. Até o fim de julho, todas as estações de metro do TTC deverão ser equipadas.

Segundo informações divulgadas pelo próprio TTC, 150 pessoas cometeram suicídio nas estações do metrô em um período de 10 anos, até 2009. De 2010 até agora, 33 pessoas se suicidaram, uma média de duas por mês.

As pessoas que estiverem interessadas em voluntariar para a causa, devem preencher um formulário e entrar em contato com um dos centros. Os números de telefones e outras informações podem ser encontrados no site do Toronto Distress Centre.

Projeto parecido não deu certo no Brasil

O psicólogo paulista Antônio Carlos Alves de Araújo acredita que o projeto “Crisis Line” é um passo positivo, mas que um trabalho de prevenção mais profundo deve ser feito para evitar os casos de suicídio nas estações de metrô. “Criar um serviço como esse é bom no sentido de oferecer ajuda a quem precisa, mas é preciso conhecer o perfil de quem comete suicídio no Canadá para começar a agir na fonte e desenvolver grupos de orientação nas escolas, empresas, agremiações e centros comunitários”, disse ele ao OiCanadá.

Antônio Carlos, que reside na cidade de São Paulo, possui um site onde reúne uma série de artigos sobre o comportamento humano, inclusive relacionado ao suicídio. Ele lembra que o Brasil implantou um serviço parecido com o “Crisis Link” na década de 90, mas que não deu certo. “Muitas vezes a pessoa que está decidida a se matar não vai dar nenhuma importância aos cartazes e telefones espalhados pelas estações. É como uma campanha de cigarro que alerta para os riscos de câncer. No início pode até criar um choque no fumante, mas depois que ele se acostumar com aquilo, pouco vai se importar”, concluiu ele.

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Marcio Rollemberg é pernambucano e formado em jornalismo. Foi editor-chefe de um telejornal universitário, produziu documentários e trabalhou como repórter de TV no Brasil. Em 2005 mudou-se para Toronto e atualmente é um dos colaboradores de uma revista e de um canal de TV. Em 2011 juntou-se a equipe do OiCanadá, onde escreve matérias sobre Turismo e Variedades.

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