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Experiência

Cumprindo uma promessa de verão

Depois de cinco anos morando em Toronto, Martha finalmente criou coragem para sair pedalando por aí. Ela conta como foi a sua cansativa e prazerosa aventura de encarar uma bicicleta depois de tantos anos longe dela.

Desde que eu me mudei para Toronto, há cinco anos, sempre tive vontade de andar de bicicleta no verão, achava o máximo como as pessoas aqui levam a sério as bicicletas como transporte. Aqui o tempo passa tão rápido que não sentimos. Me lembro do meu pai no meu primeiro verão falando que eu deveria comprar uma bicicleta e aproveitar para economizar, me exercitar e pegar um bronze. Mas eu deixei a ideia de lado, e no meu segundo verão, as coisas apertaram um pouco e, para economizar, passei a ir andando para a faculdade, 3.1km que fazia em 40 minutos mais ou menos todos os dias.

Não sei por que não comprei uma bicicleta naquela época, teria sido muito mais rápido e prático. Pensando bem, acredito que era a preguiça de comprar tantos equipamentos, afinal, andar de bicicleta aqui não significa apenas comprar uma, tem também a luzinha, o capacete, a buzina, o cadeado…

Pois bem, tomei vergonha na cara e decidi que este ano seria diferente. Sabia que um amigo tinha mudado da bicicleta para a e-bike (movida a bateria), então no domingo passado perguntei se ele queria vender a bicicleta, e ele gentilmente me deu de presente. Ontem fui buscá-la, a minha mais nova amiga do verão, assim espero.

Por ter passado todo o inverno do lado de fora da casa, ela estava um pouco enferrujada e precisando de alguns ajustes. Foi quando ele me falou que eu tinha que fazer um “tune up”, uma espécie de checkup, para ajeitar o freio, pneus, corrente, balanço, etc e que isso tudo custaria uns C$40. E lá fomos nós para uma loja na Parliament St. Chegando lá o preço do “tune up” era C$60 e só tinha vaga para o dia 16 de julho. Me conhecendo, sei que se deixasse para depois, nunca mais voltaria e aí meus planos para este verão iriam por água abaixo, então tinha que resolver naquele exato momento.

Começamos a ligar para vários lugares da cidade que faziam o tal “check up”. A maioria dos lugares era só para daqui a uns 10 dias e o preço sempre acima de C$50. Foi quando ele falou de uma loja na Dupont com a Dovercourt, em que o preço era bem mais em conta, uns C$35, mas me disse que eu não iria aguentar, já que a loja era muito longe e os primeiros dias para quem volta a andar de bicicleta depois de um tempo (o meu caso) eram muito difíceis. Eu na hora ri, claro que conseguiria ir até lá (a distância é de 5,3km). Mas achamos um lugar bem mais perto, na Spadina, chamado Uncle Jacob, a 2,7 km de onde estava. Decidida, fui até a casa do meu amigo, enchi os pneus e lá fui eu para o chinatown.

Pedalando, fui me sentindo o máximo, notei que todas as bicicletas me passavam, mas não liguei, o importante era que eu estava andando de bicicleta pela cidade, com todos os meus sonhos passando pela minha cabeça. Nada de TTC, agora tudo estava ao meu alcance, era só pedalar.

Mas estava tão fora de forma que até um rapaz correndo estava mais rápido do que eu. Até que em minutos ele sumiu, (rs) não mais o vi, ele estava anos luz na minha frente. Mas não desanimei, cheguei na loja, deixei a bike e 35 minutos depois paguei C$40 e estava pedalando de volta. Parei no Canadian Tire, comprei um capacete de C$14 e uma cadeado de C$17.

Tenho que agradecer ao meu amigo pelas luzinhas e pela buzina que ele me deu, realmente foi uma boa economia. E, pedalando, quase morri de tão cansada que fiquei. Faltavam duas quadras e eu não aguentava mais, queria só descer da bicicleta e largá-la em qualquer lugar, ou mesmo ir empurrando, qualquer coisa, menos pedalar. Trocava de marcha, mas confesso que não consegui distinguir as mudanças de marcha, cada vez que mudava, mais cansava, mais a bicicleta ficava pesada. Mas pedalei até o final, cheguei em casa quase com a língua de fora, mas cheguei toda orgulhosa.

E quando fui ver algumas críticas sobre a loja Uncle Jacob, aparentemente eles compram bicicletas roubadas e não são nada confiáveis. É torcer que eles tenham realmente feito o “tune up” direito, porque eu não tenho a menor ideia de como se faz, rs, mas pelo menos os freios estão funcionando.

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Martha se formou em Jornalismo em Recife e veio para Toronto em 2006 para estudar Cinema, se formando pela Toronto Film School. Tornou-se cidadã canadense em 2014.

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