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Canadá e seu longo inverno inspiram crônicas sob olhar brasileiro em “Moscas no Labirinto”

“A vida é o que fazemos com nossos dias, das grandes decisões que tomamos e das pequenas valentias. É preciso coragem para partir. Não será fácil, mas vai compensar. Se a angústia bater, lembre-se: logo ali, na curva da estrada, existe sempre a opção do retorno. Mas é provável que sigas em frente sem olhar para trás”. Assim escreve Eliana Rigol, na crônica “Deixe partir”.

A autora gaúcha deixou para trás a carreira de advogada em São Paulo e se mudou para Toronto no verão de 2010. Seu livro de estreia “Moscas no Labirinto” foi indicado como finalista do segundo maior prêmio literário do sul do Brasil (AGES), competindo com veteranos como Martha Medeiros e Mauricio Carpinejar. Em menos de um ano, a obra que foi lançada na Livraria Cultura e Feira do Livro de Porto Alegre, rapidamente se espalhou pelo mundo, ganhando leitores que se identificam com sua temática tão atual.

O Canadá e seu longo inverno inspiraram algumas crônicas que refletem um novo modo de pensar, um momento que se abre para perceber a cultura ao redor e encarar as inevitáveis transformações da nova rotina.

O sentimento de uma vida em transição, comum a todos que já migraram, voltou com força total em 2014, quando Eliana partiu com o marido e a filha de 18 meses numa aventura sabática dividida entre diversos países da Europa e outras tantas cidades pelo Brasil. Após um ano sem teto próprio o trio voltava de malas vazias, mas carregados de momentos compartilhados com amigos em lugares inesquecíveis.

A libertadora emoção de vender tudo e rodar sem destino definido aparece na crônica Caminhe no Incerto, escrita em Londres: “E foi assim, nesse ponto da jornada que percebi que não há atalhos na busca de si mesmo e não há ninguém capaz de cruzar as pontes no nosso lugar. Viajar é um meio de se perder para se encontrar. E de quebra, fizemos do céu do mundo nosso telhado. Só por um tempo.”

Campos de lavandas no sul da França, cidades medievais, fraldas trocadas na estrada se unem às múltiplas referências literárias da autora. De Sêneca a Chico Bento, de Eduardo Galeano a Rousseau, de Kurt Vonnegut a Eliane Brum, o mix de sensações e ideias servem de material vivo para as páginas do livro.

De uma maneira leve e profunda a autora desenha o labirinto sem mostrar a saída, pois a grande sacada está em refletir sobre a ilusão de segurança e controle que criamos para nos acalmar. Trata sobre a cultura de valorizar somente a linha de chegada, o prêmio final, ignorando que são as experiências vividas ao longo do caminho que nos transformam.

Deus é mãe; Migrar amansa o ego; A era da distração; Uma vida sem abraço; O nascimento e a cultura do medo; e O futuro é um bicho solto são apenas alguns exemplos de títulos que enfrentam com autenticidade temas relevantes e contemporâneos.

A ideia de que nós estamos passando, e não o tempo, é a linha imaginária que costura percepções e histórias contadas não cronologicamente. Em “Só o tempo é nosso” refletimos sobre a pressa que mata nossas prioridades essenciais.

Onde está o mapa da vida? Quem definiu quando e como devemos viver?” São de perguntas fundamentais e não de respostas prontas que estamos à procura. “Moscas no Labirinto” é um bom meio de voltarmos a pensar nelas.

Serviço

  • O que é: livro de crônicas de Eliana Rigol, lançado na Livraria Cultura e Feira do Livro de Porto Alegre, pela Editora Pérgamus.
  • Onde comprar: No Brasil o livro está à venda na Livraria Cultura e no site da autora: elianarigol.com; em Toronto, entre em contato com a autora por email ([email protected]) ou Instagram (@elianarigol) e receba direto na sua casa o livro com dedicatória.
  • Acesse também a página do livro no Facebook.

Quer conhecer um pouco mais sobre a autora? Clique aqui para ler posts da Eliana Rigol no OiCanadá.

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