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Maracatu Mar Aberto

É fácil entender porque o batuque forte do maracatu, um ritmo que teve origem em manifestações religiosas africanas em diversas regiões do Brasil, contagia tanta gente. Bastante popular no carnaval de Pernambuco, a percussão formada por grandes tambores (conhecidos como alfaias), tarois, ganzás e caixas agrada não só brasileiros, mas também canadenses. Uma prova disso é o Mar Aberto, grupo fundado em 2010 que toca principalmente o maracatu de Baque Virado.

O grupo foi criado pelo antropólogo canadense Alex Bordokas, um apaixonado pela cultura popular brasileira. Depois de ter passado pelo Maracatu Estrela Brilhante do Recife (fundado no início do século 20 por ex-escravos), Rio Maracatu e de ter sido um dos fundadores do Maracatu Nunca Antes (grupo que existiu no Canadá até 2009), Bordokas decidiu formar o grupo Mar Aberto devido à insistência de amigos e ao fato de simplesmente amar o que faz. “Parar de tocar seria como se tirassem uma parte de mim. Eu tinha que continuar tocando. Comecei tudo do zero, com o apoio de amigos. Hoje tenho o maior orgulho do grupo ao ver o tanto que a gente conquistou em pouco tempo”, diz ele com um português quase impecável.

O trabalho para fazer com que o Maracatu Mar Aberto tenha destaque não é fácil. Alex Bordokas desempenha um trabalho no mínimo interessante, com bastante pesquisa e dedicação. As viagens frequentes que faz ao Brasil com o intuito de se aperfeiçoar cada vez mais servem como uma bagagem cultural que pode ser vista a cada apresentação do grupo, seja nos palcos de bares e casas de show ou nas ruas de Toronto. “Eu acho que o Maracatu Mar Aberto tem criatividade. É um grupo formado por jovens e mais voltado para a comunidade. Não somos um produto empacotado, pronto para vender. Estamos sempre inovando e nos reinventando a cada dia”, explica.

Essa dedicação pode ser presenciada durante o ano inteiro. Enquanto nos meses mais quentes do ano o Maracatu Mar Aberto se apresenta em alguns dos principais eventos de Toronto, no inverno é quando os ensaios são mais frequentes. Para fazer parte do grupo não existe limite de idade, mas a maioria de seus integrantes estão na faixa dos 25 aos 30 anos. As aulas são ministradas todas as terças-feiras no Clay and Paper Theatre ao preço de $15 por dia ou um pacote de 10 aulas por $100 e conta com instrutores como os músicos Rodrigo Calabria, Jonathan Rothman, Carlie Howell, além do próprio Alex Bordokas. “Quem procura o Mar Aberto sente a necessidade de fazer parte da comunidade e de tocar junto com outras pessoas. Não queremos mudar ninguém. Cada um contribui com o seu jeito, e é exatamente esse misto de personalidades que faz o grupo crescer”, conta Bordokas.

Apesar do maracatu ser um dos estilos mais ricos da cultura popular do Brasil, muitos brasileiros não conhecem esse ritmo. Por isso o trabalho desempenhado pelo Mar Aberto tem sido importante para divulgar essa cultura não só entre os canadenses, mas também na própria comunidade brasileira de Toronto. “Temos um público legal, bacana e de mente aberta. Acho que muita gente no Canadá tem mesmo uma certa carência de comunidade, e todos são bem-vindos a fazer parte do nosso grupo. Basta chegar, curtir com respeito a música que estamos fazendo. Temos uma energia muito boa, e todo barco tem acesso a esse mar aberto”.

Serviço

  • O que: Maracatu Mar Aberto
  • Quando: Aulas todas as terças-feiras, das 7pm às 9pm
  • Onde: Clay and Paper Theatre (35 Strachan Avenue)
  • Quanto: Aula avulsa, $15. Pacote com cinco aulas, $60. Pacote com 10 aulas, $100 (pagamento em dinheiro ou cheque). Para mais informações, entre em contato pelo email [email protected].
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Marcio Rollemberg é pernambucano e formado em jornalismo. Foi editor-chefe de um telejornal universitário, produziu documentários e trabalhou como repórter de TV no Brasil. Em 2005 mudou-se para Toronto e atualmente é um dos colaboradores de uma revista e de um canal de TV. Em 2011 juntou-se a equipe do OiCanadá, onde escreve matérias sobre Turismo e Variedades.

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