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Experiência de Intercâmbio: Vinícius Camargos

Olá! Meu nome é Vinícius, intercambista, químico e blogueiro nas (poucas) horas vagas. Cheguei a Toronto em setembro de 2011, exatamente três dias depois de fazer meu aniversário de 22 anos. Por quatro anos juntei dinheiro para realizar um intercâmbio e estudei inglês por conta própria. Economizar é um negócio sério!

É difícil achar emprego no Canadá? Como eu consigo?

Estas talvez sejam as perguntas mais frequentes que recebo de brasileiros quando eles descobrem que tenho um emprego aqui no Canadá. Sinceramente, eu não sei para você o quão difícil, ou fácil, possa ser, mas vou te contar como eu consegui.

Em 2010 devido à crise mundial e os altos preços de intercâmbio para Londres e Dublin, decidi que viria para cá. Larguei um bom e estável emprego como químico em uma multinacional, investi todas as minhas economias em um curso de 6 meses de estudo e 6 meses de trabalho. Cheguei com dinheiro suficiente para me manter por 6 meses sem precisar trabalhar, obviamente sem esbanjar: a conta do bar não podia passar de 20 dólares ou ia faltar dinheiro para alguma coisa! Como todo mundo, vim para cá cheio de planos.

O plano perfeito (ou não)

Meu plano era de trabalhar em lugares onde canadenses não sentissem interesse algum de trabalhar, mas onde eu pudesse treinar minha conversação. O lugar perfeito para isto, em minha concepção, seria um Sex Shop. Que tipo de pessoa escolhe trabalhar em um lugar destes? Quais horários de trabalho este tipo de lugar tem? Exatamente, você e provavelmente seus amigos não escolheriam trabalhar neste lugar, então por que um canadense escolheria? Mas depois de passar por algumas entrevistas no mínimo desencorajantes, desisti e acabei indo trabalhar em fábricas.

Uma dica que mudou tudo

Já desesperado para encontrar um trabalho, estava em uma das aulas de preparo de currículo no modelo canadense quando um professor me deu a dica: “Vinny, você já trabalhou na sua área por quase 6 anos no Brasil, você não precisa e nem deveria procurar emprego como garçom ou atendente. Prepare o seu currículo para uma vaga de químico! Dê uma olhada no MaRS Discovery District, eles têm várias start-ups que precisam de gente com experiência como você”. Dito isto, preparei meu currículo e fui procurar vagas no site do MaRS, mesmo já tendo mandado currículo para indústrias químicas da região sem sucesso.

A vaga perfeita

Olhando na sessão de carreiras do site encontrei uma vaga para trabalhar exatamente com o que eu trabalhava no Brasil: desenvolvimento de formulações de pesticidas. Sim eu sou um vilão, tirando que ao invés de fazer todos sofrerem eu desenvolvo produtos menos tóxicos e tento diminuir ao máximo a quantidade destes produtos para que a produção agrícola seja a maior possível e com menos danos o possível. Mandei meu currículo para lá e segui outra dica do professor: “eles vão dizer que entrarão em contato quando te avaliarem, ligue antes para mostrar interesse”. Fiz isto várias vezes, até que me disseram quando seriam as entrevistas via telefone.

Uma entrevista como qualquer outra, ou quase isso

No dia da entrevista por telefone faltei a aula e fiquei esperando a ligação, assim que a recebi não consegui ficar sentado. Fiquei perambulando pelo meu quarto enquanto respondia as perguntas técnicas e gerais, um ótimo exercício físico já que ela durou 20 minutos. Ao fim da entrevista me disseram para ir dentro de duas semanas na empresa para realizar uma entrevista presencial. Nesta segunda etapa da entrevista passei por cinco pessoas diferentes: três diretamente relacionadas ao meu trabalho e duas da gerência/RH. Uma destas pessoas me fez a seguinte pergunta: “Você conhece esta bebida, ouvi dizer que é a bebida nacional do Brasil: cachaça?”, prontamente respondi que sim, mas pensando que tipo de pergunta seria esta, seguida de: “quais marcas você me recomenda? Minha esposa vai para lá então quero saber o que pedir”. Indiquei para ele as minhas favoritas e por isto e outras perguntas técnicas ganhei sua simpatia. Após algumas semanas recebi a ligação dizendo que havia conseguido o emprego.

De visto study+work para work

Como gostaram do meu trabalho, a empresa decidiu estender meu contrato e deu entrada em um LMO: uma permissão para que a empresa contrate estrangeiros, onde a empresa deve comprovar que num período de cerca de um mês nenhum canadense com experiência similar à sua conseguiu se candidatar para a vaga e que você não está recebendo menos que um canadense consideraria um salário digno. O meu processo demorou mais de 6 meses, o que ocasionou na perda da validade do meu visto inicial e a férias forçadas na nossa amada pátria. No dia do meu aniversário, já no Brasil, recebi a notícia de que tinham conseguido o LMO e que eu poderia dar entrada no processo para obter o visto de trabalho. Assim que o consegui voltei para o Canadá, onde ficarei até novembro deste ano.

Conclusão

Se você quer vir trabalhar no Canadá, eu lhe recomendo que: tenha inglês fluente, você vai competir com quem tem; tenha uma experiência sólida em uma área imutável: química é química no Brasil, Canadá, China, França e qualquer outro lugar no mundo; seja simpático e dedique-se ao seu trabalho; uma pergunta descompromissada em sua entrevista e um bom relacionamento com seus colegas fazem de você uma pessoa agradável de se conviver e necessária no seu ambiente de trabalho.

OBS Importante: O visto study+work terá novas exigências a partir de 2014, e muitas mudanças vêm ocorrendo. Para saber mais, visite esse post.

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