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Quanto se gasta durante um intercâmbio e como aproveitar o dia-a-dia no exterior com economia

[TATIANA LEITE] Quando decidi estudar em Toronto tinha 34 anos e meu principal objetivo era melhorar o inglês, aumentando assim minhas chances no mercado de trabalho brasileiro. Nunca havia saído do Brasil. O mais longe que fiquei do Rio de Janeiro foi quando passei 1 semana a trabalho em Manaus, assim mesmo hospedada na casa de uma amiga. Em relação ao intercâmbio no exterior, eu tinha duas preocupações principais: como o fato de ser negra afetaria minha vida na cidade e como sobreviveria com um orçamento baixo. Esse texto é sobre a segunda preocupação.

Depois de pesquisar algumas agências, optei por um programa da minha escola de inglês no Brasil. Sendo ex-aluna da escola, eu tinha confiança em seus profissionais e por ser a primeira vez fora do país julguei importante ter um contato próximo à minha casa aqui no Brasil no caso de qualquer eventualidade. O pacote de 12 semanas custou R$15.564,62. Incluía a hospedagem, 3 refeições e o material didático. A instituição em Toronto não recebeu a informação de que o material didático estava pago, então também precisei arcar com essa despesa durante a viagem. Mas quando voltei ao Brasil, fui reembolsada em 100%.

Dei entrada nos vistos canadense e americano antes de comprar minha passagem, acabei tendo os dois negados. Decidi, então, não tentar o visto americano e comprar a passagem por uma companhia aérea que não passasse pelo território americano. Por indicação, optei pela Copa Airlines e paguei R$1.857,13. O voo faz escala no Panamá. Com a passagem comprada, tentei o visto canadense novamente e dessa vez consegui. Uma dica que eu dou para quem não tem como comprovar renda é mandar junto com a documentação a passagem comprada com a data de ida e de volta para deixar claro que você tem intenção de retornar ao país.

Tatiana Leite - High Park

Tatiana no High Park

Seguindo o conselho de uma amiga, fiz para mim um Visa Travel Money (VTM), um cartão pré-pago internacional. Funciona como um cartão de débito e é aceito em várias lojas. Usando a função de débito não há taxa sobre o valor da compra, porém a cada saque nos caixas eletrônicos autorizados há uma cobrança que varia entre $1 e $2.50. Maiores informações nesse site.

Viajei com aproximadamente $2.400 no VTM e mais $300 dólares americanos em dinheiro. Em Toronto, muitas lojas aceitam pagamento na moeda americana. A vantagem do VTM é poder fazer transferências da sua conta bancária para a agência contratada e eles repassam, em menos de 48h, o valor em dólar para o cartão usando o câmbio do dia + IOF. O câmbio das agências costuma ser um pouco mais alto, contudo é a forma mais segura e barata de movimentar dinheiro. Na época, eu recebia todo dia 1º do mês uma quantia em dinheiro na minha conta, aproximadamente $300 dólares canadenses, então usei parte desse valor para aumentar minha renda.

Uma das primeiras coisas que fiz ao chegar no Canadá foi separar o valor que gastaria com o TTC (sistema de transporte de Toronto). Separei os valores dos cartões mensais em envelopes, $126 cada (na época), e os deixei trancados na minha mala para não correr o risco de gastar. Uma informação importante: o cartão mensal só pode começar a ser usado no 1º dia do mês. Como cheguei na 2a semana de maio, acabei comprando o cartão semanal de $75. O cartão semanal só pode começar a ser usado na 2a feira. Também separei o dinheiro para pagar o acesso à internet na homestay, que custava $25 por mês.

Tatiana Leite - TTC

No meu primeiro final de semana fui à Best Buy e comprei um laptop da marca Acer, modelo AS4752, por $469.99 (dei sorte de estar em promoção), uma câmera digital Samsung DV100 por $179.99 e um iPod nano de 8GB por $129.99. Duas semanas depois, comprei um Kobo Touch na loja Indigo Books por $99. Acrescentando a taxa de 13%, gastei um total de $993.24 em eletrônicos.

Tive sorte com relação à alimentação. Na casa em que fiquei hospedada a comida era liberada. Eu só não podia usar o fogão para cozinhar mais tinha liberdade para comer qualquer coisa que estivesse na dispensa, freezer e geladeira, e usar o forno elétrico e o microondas. Sendo assim, eu raramente comia na rua, exceto nos finais de semana. Como tenho uma amiga que mora na cidade, e era na casa dela que ficava nos finais de semana, na maioria das vezes íamos ao mercado comprar coisas para fazer porque ficava bem mais barato do que comer fora.

Apesar de eu não gostar de badalação, gosto de sair para beber, e aproveitei a estadia para experimentar diferentes cervejas. Aqueles que já leram sobre Toronto sabem que não é permitido beber na rua, sequer carregar sua bebida exposta. Comprava minhas bebidas na LCBO, e gastava uma média de $13 por 6 cervejas, que eram divididas com a minha amiga. Não era permitido levar bebida alcoólica para a homestay e também não era permitido levar comida para o quarto. Então eu não comprava nada extra para levar pra casa.

No primeiro mês, $12 era o valor que eu podia gastar por dia, mas esse valor variava para menos ou para mais conforme meus gastos. Toronto tem um verão muito seco e eu precisei comprar colírio e alguns remédios além dos que levei.

Evitei converter dólar para real. Por meu dinheiro estar todo em dólar, então não fazia sentido passar meu tempo convertendo. Só me traria aborrecimento. A exceção era quando eu pensava em comprar algo que eu sabia ter para vender no Brasil. Aí eu convertia e, se percebesse que não pagaria o valor em real, então eu não comprava. Fiz muito isso com roupas. Exemplo: vi um vestido por 20 dólares que achei bonito mas sabia que não pagaria 40 reais por ele, então não levei.

Economizei grana suficiente para estender minhas estadia por mais 1 semana e fui passear por Montreal e Quebec numa excursão bem barata que não me custou mais que $225. Em Chinatown, existem várias empresas de turismo que fazem excursões de ônibus a preços bem baixos. É tudo muito corrido, mas valeu a pena. É importante pegar indicação de qual a melhor agência de tours. A que eu fui não foi a melhor de todas.

Somente na última semana tirei meu cartão de crédito da mala. Assim mesmo, não gastei mais que 200 dólares. E eu também sabia que os demais cartões que eu havia deixado no Brasil estavam zerados, por isso abri essa exceção.

Toronto é uma cidade cara e com muitas tentações, principalmente para quem está saindo do país pela primeira vez. Deve-se tomar cuidado para não cair na ilusão de que é tudo muito barato porque, ao contrário do Brasil, o imposto não é incluído no valor. É importante lembrar que aquele roupa de 15 dólares, quando você chegar ao caixa, terá seu valor acrescido em 13%.

foto: anitakhart

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