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Cresce pressão para facilitar a entrada de médicos e enfermeiros imigrantes no mercado de trabalho

É notória a dificuldade de reconhecimento das credenciais dos profissionais de saúde estrangeiros no Canadá. O processo pode levar mais de dez anos, consumir milhares de dólares e muitos chegam até a desistir, voltando para seus países de origem. Agora, no entanto, cresce a pressão (e a esperança) de que o país introduza mudanças.

Por enquanto, o foco tem sido em equipamento e material. Mas com a demanda crescente de atendimento e o crescimento também do número de casos de profissionais em quarentena ou hospitalizados, os especialistas acreditam que em breve faltará também recursos humanos. 

Isso apesar de o Canadá ter um contingente expressivo de médicos, enfermeiros e outros especialistas da área de saúde que chegaram como residentes permanentes ou refugiados e que se encontram de braços cruzados em pleno combate à uma pandemia de proporções gigantescas.

Ainda pior é quando se sabe que muitos destes profissionais têm experiência com situações de poucos recursos e grande volume de pacientes e até mesmo no combate de epidemias como o ébola, a dengue, o cólera, o sarampo e a catapora.

Vizinho rápido

Nos Estados Unidos, o estado de Nova York — o mais afetado até agora pelo novo vírus no país — saiu na frente, dispensando os profissionais de saúde estrangeiros do processo de adquirir uma licença local. E a expectativa é de que outros estados por lá copiem a medida em breve.

O sistema de saúde do grande vizinho canadense, de fato, já é fortemente baseado na presença de imigrantes. Mais de 25% dos médicos atuando na terra do Mickey Mouse se formaram fora do país. E com a eventual liberação da licença em outros estados, o número tenderá a crescer.

O perigo deste movimento para o Canadá é que residentes permanentes com formação na área médica e impedidos de trabalhar por aqui decidam cruzar a fronteira para se estabelecer nos Estados Unidos em um momento tão crítico quanto este.

Cresce a pressão

Por tudo isso, a Escola de Política Públicas da Universidade de Calgary lançou um relatório no dia 30 de março apontando, dentre outras coisas, a necessidade de se acelerar, simplificar e baratear o processo de licenciamento de imigrantes com diplomas na área médica para tentar minimizar o impacto do COVID-19 no Canadá.

O autor do relatório, o pesquisador, Robert Falconer, aponta ainda que só em 2019 75 refugiados formados na área de saúde chegaram a Calgary. Nenhum deles, porém, pode atuar no setor, mesmo quando as entidades de classe estão convocando aposentados a retornarem à labuta.

Na província, existe até mesmo uma Associação de Médicos Graduados no Exterior. A organização conta com mais de 1.000 membros vindos de 82 países. E todos eles estão dispostos a entrar na batalha, mesmo que em papéis secundários e sob supervisão, como, por exemplo, na área de testes. 

Esperança

O governo, na verdade, há anos indica que estaria disposto a fazer concessões, mas são as organizações de classe que protegem os enfermeiros, os médicos e outros profissionais da saúde que barram qualquer avanço neste sentido. Resta saber se agora essas associações conseguirão manter estas barreiras de pé. 

Muitos têm a esperança de que o bom senso vença esta disputa e que o país encontre outras formas de garantir o padrão de medicina que deseja oferecer aos seus cidadãos sem contudo menosprezar o conhecimento e a experiência dos profissionais estrangeiros.

Mais informações em inglês:

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