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Strippers estrangeiros não podem mais trabalhar legalmente no Canadá

Se depender de uma medida do governo canadense, estrangeiros não poderão mais trabalhar como strippers no Canadá. O OiCanadá conversou exclusivamente com uma dançarina exótica europeia que corre o risco de ter que sair do país em breve.

No palco de uma boate próxima ao cruzamento da Yonge e Dundas, a russa Alexia (nome fictício) veste uma mini-saia, top curto, meias de náilon na altura das coxas, salto alto, peruca morena e uma calcinha minúscula. Aos poucos ela se despe por completo para dezenas de homens a sua volta, em movimentos sensuais que aprendeu com algumas colegas na Europa.

Há pouco mais de seis meses em Toronto, Alexia já chegou a ganhar mil dólares só em uma noite. “A grande parte desse dinheiro eu ganho fazendo lap dance”, diz ela se referindo à dança que consiste em movimentar os quadris no colo do cliente. “Nós cobramos $20 dólares por música, mas nunca dancei menos de quatro canções por cliente”, confessa ela com um sotaque carregado.

Alexia veio de Moscou para Toronto com o objetivo de trabalhar como stripper, em um mercado que atrai uma grande quantidade de garotas que buscam ganhar muito dinheiro em pouco tempo. “É uma profissão legal e decente. Sou stripper, não prostituta. Os rapazes não podem tocar em mim sem a minha autorização. Caso isso aconteça, eles são expulsos do bar por seguranças”, afirmou ela em entrevista ao OiCanadá.

Essa ruiva, de 1.75m de altura e corpo escultural escolheu trabalhar com dança exótica no Canadá por acreditar ser uma área segura no país. “Nunca sofri nenhum tipo de abuso sexual. O máximo que já me aconteceu foi ouvir cantada desaforada de alguns rapazes. Trabalhar aqui é uma garantia de que vou conseguir juntar dinheiro rápido para comprar um apartamento junto com meu namorado”, diz ela se referindo ao companheiro que também trabalha como stripper em uma boate gay.

No entanto, os dias de Alexia como dançarina exótica estão contados. Pelo menos, se depender do Departamento de Imigração e Cidadania do Canadá, que há pouco mais de duas semanas decidiu não renovar o visto de trabalho temporário para estrangeiros que trabalham nessa indústria. A ministra dos Recursos Humanos, Diane Finley, e o ministro da imigração, Jason Kenney, anunciaram no início do mês que boates, casas de massagens e serviços de acompanhantes para executivos não terão mais acesso a trabalhadores temporários no Canadá para o entretenimento adulto. “O governo não pode em sua sã consciência admitir estrangeiros para trabalhar nesse setor onde existem uma série de suspeitas de exploração sexual”, disse Kenney no seu discurso em Calgary.

Medida de “proteção”

A decisão de banir visto de trabalho para estrangeiros interessados em trabalhar nesse mercado veio depois de um relatório elaborado pela RCMP (a polícia federal do Canadá) onde foi mostrado que trabalhadores estrangeiros são atraídos para o Canadá com a promessa de empregos legítimos, mas acabam sendo forçados a atuar em bordéis e na prostituição, principalmente em cidades como Toronto e Montreal.

A partir de agora, o Departamento de Recursos Humanos do Canadá não irá mais emitir cartas favoráveis para estrangeiros que queiram trabalhar nesse setor. Com isso, não será possível aplicar para permissão de trabalho nessa categoria. Permissões temporárias de trabalho aberto também não serão aceitas por boates de striptease. Os dançarinos exóticos estrangeiros que já estão no Canadá poderão continuar trabalhando, mas não terão o seu visto renovado.

Um funcionário do Departamento de Imigração e Cidadania do Canadá informou ao OiCanadá que quase 500 vistos de trabalho foram emitidos para dançarinos exóticos de estrangeiros desde 2006. Para conseguir a permissão era somente necessária uma carta de alguma boate de striptease oferencendo o emprego. Com a nova medida, cerca de 800 estrangeiros que trabalham no setor, segundo estimativa da Associação de Entretenimento Adulto do Canadá, devem sair do país.

O trabalho de stripper no Canadá é legalizado. Segundo a canadense Stephany (nome fictício), dançarina exótica na mesma boate que Alexia trabalha, o número de residentes permanentes e canadenses não atendem à demanda das casas noturnas de entretenimento adulto. “Muitos dos rapazes que frequentam esses bares querem ver meninas diferentes, por isso a rotatividade é algo positivo para os donos de boates de striptease. Eu acho que com essa decisão o Canadá dá um passo para trás. Estamos no século 21 e banir estrangeiros de trabalhar legalmente nessa indústria não irá evitar o tráfico de pessoas.”, observa ela. “Na prática, quem quer trabalhar nessa área não precisa de licença. A prova disso é que em países onde o exercício dessa profissão é ilegal, esses profissionais atuam ‘por baixo dos panos’. A legalidade protege essas meninas. Sem o documento elas vão continuar fazendo a mesma coisa, e se não for dançando nos palcos de casas noturnas será atendendo clientes em casa ou se prostituindo nas ruas, o que é algo muito pior”.

Alexia confirmou ao OiCanadá que se realmente não conseguir juntar o dinheiro que precisa até o vencimento do seu visto, irá trabalhar ilegalmente. “Claro que vai depender da boate se vai querer me manter ou não. Mas eu acho que sempre se dá um jeito. Tenho como prioridade a compra do meu apartamento, e se isso significa trabalhar mais alguns meses de forma ilegal, eu irei arriscar com certeza. É melhor fazer isso ilegalmente no Canadá do que em outros países”, declarou ela.

foto: Cap’n Monky

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Marcio Rollemberg é pernambucano e formado em jornalismo. Foi editor-chefe de um telejornal universitário, produziu documentários e trabalhou como repórter de TV no Brasil. Em 2005 mudou-se para Toronto e atualmente é um dos colaboradores de uma revista e de um canal de TV. Em 2011 juntou-se a equipe do OiCanadá, onde escreve matérias sobre Turismo e Variedades.

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