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A pontualidade britânica também existe no Canadá

Com a chegada do verão, também chegam em Toronto muitos festivais, shows e eventos. Para mim esta é uma experiência particularmente especial, pois há cerca de 14 anos estou envolvido com a produção de eventos sociais e corporativos, tendo esta como profissão há pelo menos oito. Mesmo estando hoje em uma posição diferente daquela que realizava no Brasil, algumas manias a gente nunca perde e o olhar crítico continua muito vivo. Essa semana, enquanto trabalhava em um dos shows, me toquei da eficiência e pontualidade que muitas vezes nós brasileiros simplesmente esquecemos que existe.

O show em questão foi marcado para às 20h, às 19:15h a casa foi aberta, às 19:50h todos os milhares de convidados estavam acomodados, às 20h o apresentador sobe ao palco e faz seu discurso, agradece aos patrocinadores e apresenta a banda. O show, incrível por sinal, tem exatos noventa minutos de duração, controlados pela banda via um grande relógio escondido ao lado do palco. Às 21:40h (com direito a bis e tudo) o show acabou e as 22h estávamos fechando a casa.

Esse tipo de precisão é quase impensável no Brasil, infelizmente. Se o evento está marcado para às 20h os convidados chegarão às 21h, por culpa do “trânsito” e ao final ficarão até às 23h esperando para ver se tem mais uma “saideira”.

É uma questão de cultura, “being on time” (ser pontual) é mais do que boa educação, é também um sinal de respeito e de profissionalismo (acredite ou não, na maioria das empresas se chegar atrasado certo número de vezes é justa causa para demissão e não adianta nem tentar discutir). Seja para chegar na festa de aniversário, na reunião de trabalho, no horário do dentista, etc.

Confesso que sempre tentei ser pontual, muitas vezes chegando meia hora antes em compromissos. Mas, especialmente morando em São Paulo, muitas vezes deixei-me sentir confortável com os quinze minutinhos de atraso que são consenso de que “o trânsito está ruim”.

Desde que me mudei para cá, tenho me planejado muito para evitar perder minha credibilidade, mas durante um curso que estava realizando há algumas semanas, apesar de meus esforços acabei me atrasando para a aula (detalhe é que foram 4 minutinhos de atraso apenas). Qual não foi minha surpresa, ao entrar na sala de aula tentando ser invisível, o instrutor para a aula e chama a atenção da classe para meu atraso. Tive que me desculpar para todos na sala e explicar que o motivo de minha falha foi por não estar ciente das reformas na linha de metrô, que me forçaram um desvio de percurso. Eu ainda tive sorte, pois pude assistir à aula. Dois colegas que chegaram com dez minutos de atraso foram mandados de volta para casa sem direito à discussão.

Essa foi, para mim, mais uma lição de humildade. E que, infelizmente para nós brasileiros acaba sendo uma muito difícil. Por aqui ser pontual é crítico. Quem sabe um dia chegamos no patamar dos japoneses e além de pontuais ainda deixamos o estádio mais limpo do que encontramos.

Um grande abraço e até a próxima semana.

foto: Henrik Berger Jørgensen

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Mauricio é paulista, natural de Guaratinguetá, formado em Marketing pela ESPM de Sao Paulo com especialização em Coordenação de Eventos Corporativos. Com mais de 10 anos de experiencia em produção de eventos no Brasil, se mudou para o Canadá no final de 2013 e atualmente reside em Mississauga, na GTA, e está se adaptando à vida canadense.

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