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Aluguéis exorbitantes: Toronto à beira de uma crise

Especialistas em orçamento sempre bateram na tecla de que ninguém deve comprometer mais de 30% do que ganha com aluguel. Mas segundo o estudo divulgado em maio pela ACTO (Advocacy Centre for Tenants Ontario), a realidade hoje em Toronto tem mostrado que é praticamente impossível conseguir alugar dentro deste limite. E a tendência é de que a situação só piore.

No ano passado a média de aluguel para um apartamento de dois quartos na maior cidade de Ontário foi de $1,800. Para um quarto, $1,200. Mas estes números consideram também as unidades já ocupadas e quem sai à procura hoje dificilmente encontra um imóvel nesta faixa — está tudo ainda mais caro.

Além disso, os bons tempos em que o aluguel incluía água, luz, gás e aquecimento sumiram do mapa. Agora o locador exige, no mínimo, que o locatário arque com a conta de luz que é, via de regra, a mais salgada.

O resultado disso tudo é uma enorme precariedade em termos de moradia em uma cidade em que quase metade da população não tem casa própria.

Efeito dominó

Para driblar a situação, as pessoas têm se mudado para os arredores de Toronto, onde os valores cobrados são um pouco mais baixos. Mas a verdade é que o novo fluxo de interessados têm puxado os preços para cima também nas pequenas cidades ao redor da metrópole. Além disso, o movimento segue em efeito dominó — com os preços em alta nestes municípios menores, a população mais carente e local acaba sendo expelida dos seus endereços, já que os locadores vivem ávidos para trocar antigos contratos por novos negócios muito mais lucrativos.

Outro problema é que a conta pode não fechar, porque aumenta-se assim não só o tempo, mas também o montante gasto com o transporte.

Quartos, repúblicas e porões

Outra tentativa de aplacar o problema tem sido a crescente onda de quartos sendo alugados e de residências sendo compartilhadas num sistema similar aos da repúblicas do Brasil. Vê-se também um considerável aumento do número de porões convertidos em apartamentos improvisados.

Tudo isso revela a situação precária em que as pessoas hoje se encontram. Aliás, segundo o relatório da ACTO, o quadro complicado tem deixado quem ganha menos de $24 por hora a um passo de ter que escolher se come ou paga o aluguel. E não é pouca gente não: o centro garante que 46,9% dos inquilinos hoje em Toronto vivem esse drama.

Caminhos

Diferente do que ocorre no Brasil, os imóveis para aluguel no Canadá são tradicionalmente construídos e administrados por empresas especializadas. Ou seja, uma só firma é proprietária de todos os apartamentos de um prédio. O problema, segundo o estudo, é que desde a década de 1990 apenas 9% dos edifícios construídos foram destinados ao mercado de locação.

Com a cidade crescendo, o resultado é que hoje apenas 1% dos imóveis se encontram vazios à espera de inquilinos. Ou, em outras palavras, há muita procura e quase nenhuma oferta.

Para os especialistas da ACTO, o governo precisa agir rapidamente, implantando incentivos para a construção de mais unidades, seja para venda ou aluguel, com preços compatíveis com o nível de renda real das pessoas. A organização também acredita que é preciso dar apoio total às ONGs que trabalham com habitação sem lucro e instituir regras que protejam os locatários. Segundo a ACTO, o que o governo não pode fazer é ficar de braços cruzados porque a crise está a ponto de explodir.

Leia o relatório: Where Will We Live? Ontario’s Affordable Rental Housing Crisis

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