Siga-nos

OiCanadá

Notícias

A retomada econômica das grandes cidades do Canadá e como isso afeta a imigração

Na nova fase da pandemia já com as restrições amplamente flexibilizadas no Canadá, os prédios de escritórios das maiores cidades do país começam a ver certa movimentação de trabalhadores, mas continua no ar o clima de incertezas quanto ao futuro. Veja aqui como isto pode impactar a vida dos futuros imigrantes.

Historicamente, as cidades mais cobiçadas pelos recém-chegados ao Canadá têm sido os grandes centros, como Toronto, Vancouver e Montreal. Nos últimos anos, porém, o que se viu foi uma pequena mudança de comportamento, com uma parcela sentando praça nas cidades de médio porte, como Ottawa, Hamilton, London, Kitchener e Waterloo, por exemplo. E isto muito em função dos preços proibitivos de aluguel ou compra de imóveis residenciais nos municípios de maior porte.

Mas a chegada da pandemia mudou um pouco o quadro das coisas e agora, em pleno clima de recuperação econômica pós pandemia, as dúvidas quanto ao futuro continuam no ar. Aos poucos, as metrópoles canadenses começam a ver os trabalhadores ocupando novamente os escritórios do centro — e ativando o comércio ao redor. Mas o compasso ainda é dos mais lentos e há quem aposte que uma retomada integral jamais acontecerá.

A empresa Avison Young, que trabalha com imóveis comerciais e tem sede em Toronto, além de escritórios em outros 14 países, numa tentativa de encontrar indicadores do que vem por aí, analisou o tráfego de pedestres nos prédios comerciais de Vancouver, Calgary, Toronto, Ottawa e Montreal. 

Ottawa 

A capital do país é até agora a mais deserta de todas. Com sua forte dependência das atividades administrativas ligadas ao governo, Ottawa registra ainda -87,70% do volume de vai e vem de pessoas pelo seu centro comercial, quando comparado ao tráfego pré-pandêmico. Por outro lado, a aposta é de que, mesmo que seja demorada, em nenhum outro lugar há mais chances de que a retomada total das atividades em escritório aconteça, já que governos tendem, de um modo geral, a serem menos flexíveis quanto a mudanças. 

Toronto

O segundo pior desempenho se encontra em Toronto, com o registro de 81,20% menos movimento na sua área central. E aqui o prognóstico parece um pouco mais sombrio. Primeiro porque os funcionários descobriram como é lindo viver sem as agruras do “commuting” diário. Além disso, muitos dos ocupantes dos prédios do centro da cidade lidam com serviços que podem facilmente manter seu ritmo e qualidade na base de home-office. E pesa ainda a dúvida quanto à retomada ou não dos níveis de turismo e do desejo das pessoas de frequentar teatros, bares, boates etc. 

Montreal

A maior cidade do Québec está na cola de Toronto em termos de desertificação da área central, com -80,30%. E sofre dos mesmos males que a sua rival em Ontário, com forte dependência do poder de compras dos turistas, um considerável tempo perdido no trânsito na rota casa-trabalho e ainda grande volume de atividades fáceis de serem executadas de maneira remota. Soma-se a isso o registro de uma debandada de moradores que saíram à procura de mais espaço e sossego em áreas mais ou menos próximas à Montreal.

Vancouver

Inesperadamente, a maior cidade da British Columbia parece estar retomando o fôlego bem mais depressa, registrando agora -68,20% de tráfego de pedestres na sua zona principal de escritórios. E isto é excelente notícia porque Vancouver tem a maior proporção de lojas e restaurantes por 1.000 trabalhadores no país. Mas aqui é onde entra a imprevisibilidade do comportamento humano, já que a cidade tem características semelhantes às de Montreal e Toronto: problemas com o “commuting”, dependência do turismo e facilidade de transferir as atividades de escritório para o trabalho em casa.

Calgary

Com certeza, a maior surpresa desse páreo se encontra em Calgary que exibe agora “apenas” -54,50% do movimento habitual. No entanto, não dá pra ninguém achar que isto seja um excelente resultado porque por lá já havia um problema sério de escritórios vazios mesmo antes do furacão chamado COVID-19 assolar o mundo, e turbinado por problemas no setor de exploração do petróleo.

Mas isso importa?

Sim, importa e muito. Porque a maneira como o centro vai se comportar — quando e se um dia chegará a retornar aos patamares de antes — tem implicações em várias áreas da vida de todo mundo, até de quem quase nunca coloca os pés por lá. É que mudanças significativas da ocupação do centro podem mudar por completo o desenho das cidades, criando, por exemplo, novas oportunidades de habitação num momento em que os preços de imóveis residenciais estão nas alturas em todas as partes do país. 

Há também um impacto enorme no comércio ao redor das torres de escritórios e até mesmo no uso e necessidade de linhas de ônibus, bondes, trens e vagões de metrô. O tipo e local de vagas de trabalho em aberto também podem se metamorfosear ainda mais, com a declaração da morte de algumas profissões e o nascimento de outras. E tudo isso afeta quem, onde, como e quando imigrar.

Para saber mais, veja o relatório, em inglês.

Fernanda é carioca, publicitária, desenvolvedora web, co-fundadora e editora-chefe do OiCanadá. Imigrou para o Canadá no final de 2006 e se tornou cidadã canadense em 2011.

2 Comentários

2 Comments

    Deixe uma resposta

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    Mais em: Notícias

    Topo