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Saudades do temperinho brasileiro

Um grande desafio enfrentado pelos brasileiros que moram fora é encontrar aquele temperinho que parece só existir no Brasil.

Percebi, após muitas aventuras culinárias, que algumas cozinhas étnicas aqui no Canadá se aproximam bastante de nossas tradições, mas nada se compara realmente ao sabor daquela comidinha caseira que embala nossos sonhos.

A culinária portuguesa é sem dúvida a mais próxima da nossa, com suas carnes grelhadas e o famoso frango assado ao molho piri-piri. Mas, ainda assim, fica faltando o nosso arroz e feijão de cada dia. E acreditem, também já tive a oportunidade de encontrar pratos bastante parecidos com os nossos nas culinárias chinesa, vietnamita e até na tailandesa.

Se você mora em Toronto, pode contar com uma grande variedade de produtos que atendem bem à nossa demanda. Não gosto nem de pensar como seria minha vida sem poder comprar o meu suco de maracujá.

Parafernália brasileira

Sempre que vou em casa de amigos brasileiros, aproveito para prestar a atenção em como eles equiparam suas cozinhas. Alguns, graças a inúmeras viagens ao Brasil e de amigos que vêm visitar, possuem toda a parafernália de uma autêntica cozinha brasileira: panela de pressão, escorredor de arroz, uma panelinha pequena para brigadeiro e, pasmem, já vi até filtro de água de barro em uma casa brasileira aqui, mas não me perguntem como trouxeram.

Apesar das lojas aqui no Canadá oferecerem um mundo de aparelhos de cozinha e alguns até com preços bem convidativos, eu ainda fico na dúvida e sou fiel à tradição. Sinceramente, não consigo me adaptar àquele aparelinho que promete cozinhar o seu arroz em 10 minutos. Bem, confesso que tenho um, mas fico na dúvida quanto ao resultado. O arroz fica muito sem gosto. E, convenhamos, arroz de brasileiro precisa ter aquele tempero. Toma alho e cebola…

Panela elétrica? Já tentei e sinceramente não gostei do resultado. Acho que a comida fica carecendo de um pouco de alma e vida. Não sei se você concorda comigo, mas quando cozinhamos com amor e colocamos dedicação em nossos pratos, o gosto fica diferente.

O fogão elétrico

Outro tipo de problema que enfrentamos, e do qual muita gente não se dá conta, é o fogão elétrico. Pode acreditar, meu amigo, o tipo de fogão faz toda a diferença. Quer uma prova? Tente fazer um brigadeiro em um fogão elétrico e a mesma receita em um fogão a gás e me fale se não sentiu alguma diferença na textura.

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O que muita gente não sabe é que o segredo do fogão elétrico é simplesmente retirar a panela do fogo quando a comida estiver pronta. No Brasil, estamos acostumados a simplesmente desligar o gás e pronto. No caso do fogão elétrico, mesmo quando deligamos o fogo, a comida continua cozinhando por causa do calor incidente. Resultado? Passa do ponto sempre! Esse fenômeno é responsável por 9 entre 10 fracassos na cozinha.

Churrasco com hambúrguer?

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Um dos meus primeiros choques culturais e culinários aqui no Canadá ocorreu quando fui convidado para um churrasco à moda canadense. Simplesmente não consegui entender como se pode fazer um churrasco com hambúrguer e cachorro-quente. Onde está a picanha? A maminha? A linguicinha e as asinhas de frango? Farofa, então, nem pensar. Mas esse é um tema para as minhas futuras colunas.

Dois mundos em um

Quando me convidaram para escrever nesse espaço, confesso que fiquei lisongeado, mas com uma dúvida imensa. Como um estudante de culinária e futuro chef pode aliar dois mundos com culinárias tão distintas? De repente, estava resolvido o meu problema. Como um bom brasileiro, usarei de toda a criatividade, jogo de cintura e o nosso “jeitinho”. Trarei nesse espaço dicas de como levar um dia-a-dia mais brasileiro nesse país que nos acolhe tão bem.

Não se acanhe em enviar comentários e deixar sugestões. Esse espaço é nosso.

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Após ter trabalhado em várias empresas como a Air Canada e IBM, Rafael se formou pela George Brown College em Artes Culinárias, mesmo tendo diplomas nas áreas de Ciência da Computação, Linguística e Literatura. Mesmo com o curso de culináriia, ele está sempre em busca de novas aventuras no mundo gastronômico, seja descobrindo novos ingredientes ou provando pratos inusitados. Hoje em dia, Rafael Alcantara atua como intérprete e tradutor oficial para a imigração canadense, a Corte de Justiça da Cidade de Toronto e integra o corpo de intérpretes do maior hospital do Canadá.

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