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Conselheira de saúde ajuda mulheres com qualquer status

O OiCanadá hoje vai contar a história de Filomena Carvalho. Uma conselheira sexual portuguesa que trabalha em Toronto há mais de 30 anos ajudando mulheres, em sua maioria brasileiras, que vivem aqui em situação desfavorável, seja por causa de status imigratório ou simplesmente por falta de dinheiro. A Filomena é o “anjo da guarda” de muitas delas, e seu empenho e dedicação já lhe trouxeram o merecido reconhecimento na comunidade.

De modos simpáticos e de personalidade cativante, Filomena executa seu trabalho diário na “Immigrant Women’s Health Centre”, uma clínica especializada em saúde sexual feminina localizada na College Street, em Toronto. Lá ela atende até 20 mulheres por dia, aconselhando-as e fazendo um canal de acesso entre a paciente e o sistema de saúde canadense. Desde o início de sua carreira, Filomena sempre esteve engajada em ajudar o próximo. Hoje realizada e com um filho de 24 anos, de quem exibe, orgulhosa, fotos em seu escritório, ela diz que o desejo de contribuir por uma sociedade mais humana não se esvai nunca. “Sempre me interessei por questões ligadas a desigualdades sociais, seja por razões de sexo, raça, credo, classe, etc.”, diz Filomena, que veio pra ajudar.

Filomena já trabalhou dando aulas de inglês em fábricas através do “Labour Council” (Sindicato dos Trabalhadores de Toronto) e também executou inúmeros trabalhos voluntários ajudando mulheres vítimas de violência sexual e em prol da legalização do aborto, mas foi em 1981 que ela começou a trabalhar na “Immigrant Women’s Health Centre”. Hoje, a mesma é uma profissional bastante conhecida e referência na comunidade brasileira, auxiliando pacientes que buscam suporte na área médica. Para muitas, o sistema de saúde no Canadá é inacessível. “Como mulher e imigrante enfrentei barreiras exatamente iguais às das mulheres que buscam ajuda hoje na clínica”, nos contou ela, visivelmente orgulhosa em atuar nessa área. Em 2003, a intensa dedicação de Filomena lhe rendeu o importante prêmio “Marion Powell”, atribuído pelo Centro de Ciência de Saúde Sunnybrook e Women’s College.

O dia-a-dia de Filomena divide-se entre a difícil tarefa de ajudar mulheres desamparadas e a satisfação que o trabalho lhe traz no fim de cada expediente diário. Ela segue sempre perseverante e sem desanimar. “A parte mais complicada é a de atender as mulheres que não têm cartão de saúde e que nos procuram com uma patologia já avançada, como por exemplo, câncer no colo do útero. Infelizmente não são casos tão raros como gostaríamos. Na maioria das vezes, as opções que elas têm são mínimas, e não temos para onde levá-las. Infelizmente nossa ajuda é limitada. Eu tento não me deixar levar nem me abater pelo sofrimento”, disse ela emocionada.

Como conselheira sexual, o trabalho de Filomena consiste em informar, orientar e encaminhar as mulheres para um tratamento médico adequado, sempre respeitando a individualidade e as diferenças de cada uma. Muitas a procuram para exames de sangue, papanicolau, testes de gravidez, ou simplesmente em busca de pílulas anticoncepcionais, que na clínica podem ser compradas até por $6 a embalagem. “Procuro orientá-las da melhor maneira possível. Muitas têm uma gravidez indesejada. É absurdamente comum o número de mulheres que não têm ajuda do parceiro, não têm família na cidade ou estão desempregadas. Quando ainda não é tarde, prevenção será sempre o melhor conselho que darei”, acrescenta.

Sente-se a empolgação latente na voz da Filomena quando o assunto é a gratificação que o seu trabalho lhe traz. Ela não quer parar tão cedo. Hoje fluente em três línguas, a mesma se diz inspirada pelas pessoas que atende diariamente. “São mulheres com relatos de vidas difíceis. A maioria trabalha de 10 a 12 horas por dia, 7 dias por semana, ganhando salário mínimo, longe da família e muitas vezes isoladas de suas comunidades. Muitas sacrificam a saúde sem o cuidado médico adequado. Em contrapartida, essas mesmas mulheres têm uma positividade deslumbrante, lutam sem perder o ânimo, sempre com a esperança de que a vida vai melhorar, sem perder a dignidade. Isso é mais do que gratificante para mim como profissional. Elas são um exemplo de coragem!”, relatou.

Filomena conclui acrescentando a importância que tem a disseminação da informação e no valor que as mulheres devem dar a saúde, não só a sexual, mas geral. Estar longe de casa, da família e do seu nicho não é desculpa para não dispensar a atenção necessária ao corpo e bem-estar.

Saiba mais sobre a clínica

Muitas jovens e adolescentes desembarcam em Toronto diariamente, vindas de outros países. Ainda confusas, muitas não falam inglês e não sabem onde buscar ajuda no quesito “saúde”. Pra quem não tem cartão de saúde ou seguro médico, o “Immigrant Women’s Health Centre” existe para dar suporte a quem precisa.

Localizado na interseção da Bathurst com a College Street, o centro funciona de segunda a sexta-feira das 10:00 am às 5:00 pm. Além de outros serviços, a clínica oferece testes de gravidez e HIV gratuitos, bem como vacinas para hepatite B, preservativos, DIU’s, aconselhamento em saúde sexual, planejamento familiar, exames de mama, etc. Há 30 anos, mulheres em suas mais diversificadas culturas e realidades buscam os serviços do Centro, que também opera em uma unidade móvel, indo a fábricas, escolas e afins. Muitas mulheres “esperam” ficar doentes, e esta é uma maneira da clínica levar prevenção e check-ups até elas, atuando de uma maneira mais efetiva e eficaz nas comunidades.

O “Immigrant Women’s Health Centre” não tem fins lucrativos e tem suas portas abertas para qualquer idioma, raça, cor, credo ou orientação sexual.

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Formada em jornalismo pela Universidade Potiguar, Amanda iniciou sua carreira no ano de 2000 em Natal, Rio Grande do Norte. Sempre cercada de livros, o gosto pela escrita, leitura e a vontade de ser jornalista vieram desde muito cedo, tão cedo que nem se lembra mais. O começo da carreira foi marcado pela atuação na área de assessoria de imprensa, com foco na comunicação organizacional, passando pela redação de um dos jornais mais importantes da cidade, até a decisão de vir pra Toronto, onde reside e atua como jornalista desde 2007. Além do jornalismo, carrega em si a paixão por livros, música, televisão, cinema e fotografia. Escrevendo para jornais atuantes na comunidade brasileira, ela agora escreve também para o OiCanadá. Curiosa, antenada e munida de um intenso desejo de aprender, para ela, conhecimento demais, ainda não é suficiente.

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