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Goodbye, Toronto!

Meu primeiro artigo para o OiCanadá teve um título pra lá de honesto: Desespero logo na chegada ao país. E agora, neste meu artigo de despedida, explico o que Toronto foi capaz de proporcionar a esta jornalista que veio buscar a proficiência no idioma, e que hoje sai com a sensação de ter conquistado um segundo lar.

Procurei compartilhar com você toda minha evolução por estas ruas canadenses, para que minha experiência, erros e acertos pudessem auxiliá-lo numa futura viagem sua a este país maravilhoso.

Lembro-me da sensação de fazer parte da cidade, quando passei a andar nas ruas de cabeça erguida, sem o medo de alguém vir falar comigo e eu não saber responder, ou até mesmo receber alguma ironia por ser estrangeira. Quando passei a andar na rua com confiança, as pessoas daqui perceberam. Elas começaram a vir até mim, perguntando sobre um endereço qualquer, esclarecendo dúvidas, ou fazendo até mesmo querendo fazer amizade. Parecia até que eu estava em um reality show. Eu brigava pelos meus ideais, defendia o meu país quando as pessoas só o imaginavam como um carnaval, e vivia com intensidade, porque eu queria alcançar o que havia planejado.

Passar as últimas semanas no Canadá, sabendo serem os últimos dias, foi sufocante. Olhar para o rosto de minhas amigas, que simplesmente moram do outro lado do mundo, ou então em estados diferentes do meu, gerou a sensação mais complicada que já tive que administrar. Tirar fotos e passar pelos lugares sem saber quando iria retornar… Escrever as cartas de despedida…

Tenho dentro de mim a consciência de que posso, um dia, rever estas pessoas. Por que eu não poderia? Mas o que eu vivi ali, naquele país, não voltará. E como eu já sabia disso, segui a sugestão de um profissional que entrevistei há alguns anos, e que me falou sobre meditação. Ele me perguntou o que eu achava que era meditar. Respondi o que tinha em minha mente, e ele me disse, clara e simplesmente: Meditar é estar, é viver o momento na sua íntegra. É chegar a uma paisagem e não correr pra tirar fotos porque você quer relembrar aquele momento, mas é chegar ao lugar e curtir, vivenciar. E foi isso o que fiz.

Chorei quando cheguei aqui, e perguntava a mim mesma por que eu estava fazendo aquilo comigo. Por que eu estava me colocando naquela situação de sofrimento, longe daqueles que eu amava. Mas me entreguei àquilo que eu tinha como objetivo. E recebi de volta a gratificação de ter vivido meses com pessoas maravilhosas e ter construído, sem sombra de dúvidas, um segundo lar para morar.

A minha despedida no aeroporto foi como qualquer despedida entre pessoas que se amam e que não sabem quando se reencontrarão. Durante todo o dia da minha volta pro Brasil, eu fui cercada por meus amigos, que me paparicaram tirando fotos, me levando aos lugares que costumávamos ir. Diverti-me muito neste dia, apensar de saber que não seria fácil a hora do adeus. Foram 10 horas de vôo, dividido em trinta minutos de sono e 1 hora de lembranças.

Mas isso passou, cheguei ao meu país, e lá estavam os meus outros amores. Pai, noivo, sobrinhos, cunhada, todos eles me esperando para um abraço do qual eles também sentiam falta, e que eu tanto queria naquele momento. Eu senti tanto a falta deles, e estava muito feliz de poder estar junto novamente. Porém, algumas coisas tinham mudado.

Existe uma parte engraçada em tudo isso, como não? Afinal de contas, passei meio ano falando, na maior parte do tempo, apenas em inglês. Olhar para um garçom sem dizer “Excuse me” foi uma mudança de hábito. Dizer “sim”, no lugar de “yes”, ainda está sendo complicado.

Morar sozinha em um país onde você não conhece absolutamente ninguém tem uma grande vantagem. Você adquire uma bagagem emocional extraordinária, além de aprender a se valorizar. Hoje eu posso olhar ao redor e dizer: “eu construí o meu lar”. Isso é muito satisfatório.

Volto ao Brasil com toda a sede de voltar a trabalhar na área jornalística. Portanto, recomeço a procura por uma oportunidade. Acho que volto mais forte profissionalmente, em todos os sentidos. Conheço a valor da amizade, mais do que pensava que conhecia, e conheço o que é superar, sozinha, os próprios limites.

Pois então, agora você já sabe. Deixar o seu país e viver as primeiras semanas longe de tudo será muito difícil, às vezes vai parecer até impossível de suportar. Mas não se feche para as oportunidades. Se arrisque, e então verá do que você é capaz.

Obrigada a todos os meus leitores, e também àqueles que preferiram conversar comigo por email, sem deixar comentários. Obrigada por me “ouvir”. Estes desabafos foram primordiais na minha passagem por Toronto.

A todos que pensam em ir para Toronto, a minha recomendação é: Vá! Vale muito a pena!

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Curiosa por natureza e apaixonada por arte desde os primeiros passos, Élida sempre quis descobrir tudo que tinha por trás dos grandes resultados. Como sua personalidade não é ficar num único ponto, o jornalismo foi como uma porta que se abre para o novo todos os dias. “Nunca nenhum dia é igual ao outro; sem contar que passo conversar sempre com gente nova e interessante”, diz Élida. Pós-Graduada em Comunicação Corporativa. Nove anos de experiência no mercado de Comunicação, atuando como editora em revistas e apresentadora em programa televisivo no estado de São Paulo (Brasil). Chegou ao Canadá em 2009 e agora escreve para OiCanadá contando toda a experiência que o Canadá tem lhe dado.

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