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Homestay Toronto: uma boa forma de vivenciar a cultura canadense, mas não é para todo mundo

Viver com uma família canadense e conhecer os seus hábitos pode ser uma boa opção para quem pretende fazer intercâmbio no Canadá e quer ter um contato mais direto com a cultura do país. Porém, não é todo mundo que consegue se adaptar à rotina do homestay Toronto. O OiCanadá fez um levantamento dos problemas mais comuns nesse tipo de acomodação e de como solucioná-los.

A ideia de vivenciar uma nova cultura e praticar o inglês fez com que o estudante paulista Rodrigo Schmiegelow optasse por ficar hospedado em um homestay durante o seu intercâmbio em Toronto, realizado no ano passado. Porém, as coisas não aconteceram exatamente como o planejado. Logo quando chegou na casa (mais cedo do que o previsto), ele percebeu que não teve uma recepção muito calorosa por parte do dono da residência, e a falta de envolvimento com a família (que sempre faziam as refeições distante dele e dos outros hóspedes) começou a lhe incomodar.

“As poucas vezes que a hostmother conversava comigo era quando eu voltava da escola à tarde, mas era uma conversa rápida, do estilo: “Está frio hoje, né?”. E a única coisa que ela me mostrou foi onde era o metrô, a 10 minutos a pé da casa”, disse ele no seu post Uma decepcionante experiência de homestay, publicado no OiCanadá.

Assim como Rodrigo, a jornalista brasileira Élida Rocha não teve uma boa experiência com homestay, e pelo mesmo motivo. A dona da casa não tinha lhe apresentado o restante da família, e também fazia as refeições separada dos estudantes. “Quando chegava em casa, a comida já estava na geladeira, ou na mesa. Eu costumava comer com a outra estudante da casa. A privacidade foi boa, mas em compensação, não houve integração com a família. Era como se eu tivesse alugado um apartamento”, afirmou ela no post Uma Caixinha de surpresas chamada hostfamily.

Casos como o de Rodrigo e Élida são raros, mas acontecem. Dentre todos os problemas enfrentados nos homestays, a comida é geralmente o que mais incomoda os estudantes. “A gente faz um trabalho forte de treinamento com os nossos consultores para que eles passem uma real expectativa para o cliente do que é ficar em uma homestay. Os problemas são vivenciados por uma minoria de pessoas, e geralmente é necessário somente um ajuste. É preciso entender que faz parte da experiência do intercâmbio comer uma comida diferente, muitas vezes em horário diferente, e isso significa vivenciar a cultura local”, explica Luíza Vianna, gerente de cursos da Central de Intercâmbio.

O fato de muitas famílias que hospedam o estudante não terem nascido no Canadá também gera reclamação de alguns estudantes. Mas segundo a psicóloga Paula Lessa, que trabalhou com escolas de inglês em Toronto, a diversidade cultural é algo positivo. “Toronto é um lugar onde metade da população é de imigrantes, e isso pode ser visto claramente nas ruas. Ter contato com diferentes sotaques pode ser positivo para o estudante que está aprendendo inglês, além de enriquecer o seu conhecimento, tornando-se uma experiência bastante interessante”, observa ela.

O processo da escolha do homestay

Boa parte das escolas de inglês em Toronto que oferecem homestay disponibiliza ao estudante um formulário, onde ele pode escolher alguns requisitos básicos para a acomodação: se deseja casa com crianças ou animais de estimação, se possui alguma alergia à cigarro ou tipo específico de comida ou se quer ficar próximo à estação do metrô ou centro de recreação, por exemplo. O mesmo é feito com os hosts (como são conhecidos os proprietários do homestay), que podem escolher se querem ficar com estudantes do sexo feminino ou masculino, assim como países de origem dos mesmos.

Qualquer tipo de problema com o homestay é geralmente solucionado na própria escola, que na maioria das vezes é a responsável por selecionar as famílias que irão acomodar o estudantes. “Muitas vezes os problemas vivenciados em homestays estão relacionados à má compreensão da língua ou até a uma questão cultural. É preciso que o estudante venha até nós imediatamente para que possamos identificar e solucionar esse problema”, ressalta Julie Masse, coordenadora de acomodação da Hansa Language Centre em Toronto.

Em entrevista ao OiCanadá, Julie citou o exemplo de um aluno que havia reclamado que não poderia usar o banheiro na homestay depois das 11pm, quando na verdade ele não tinha entendido que o dono da acomodação em que estava hospedado tinha se referido ao chuveiro. Um outro caso é o de estudantes que tem problemas de se adaptar aos costumes do Canadá, onde no almoço é feito somente um lanche, e o jantar é considerado a refeição mais farta e importante do dia. Esse problema é comum entre estudantes brasileiros que estão acostumados a comerem menos durante a noite.

“Nós fazemos o possível para deixar o estudante feliz e satisfeito. Se há algum problema com o homestay e não pode ser solucionado, mudamos ele de acomodação. Se é algo urgente, essa mudança é feita imediatamente”, afirma Julie.

10 dicas para um bom homestay

  • O estudante que escolhe morar em um homestay tem direito à uma cópia da chave da casa e é responsável por manter limpo e arrumado o seu quarto, sendo o restante da residência responsabilidade do proprietário.
  • Como Toronto é uma cidade multicultural, há uma grande possibilidade do estudante ficar hospedado em uma casa de família de imigrantes. Caso você não queira passar por essa experiência, que para muitos é na verdade uma grande vantagem, especifique isso ao agente responsável pela escolha do homestay.
  • A mudança de homestay é possível em praticamente todas as boas escolas, mas em algumas delas é preciso esperar até o final do mês para que isso seja feito. Por isso, não se esqueça de especificar no formulário que tipo de família você deseja.
  • Intercâmbio é uma troca de culturas, por isso esteja aberto a novas experiências e procure sempre passar um pouco da sua cultura para a família que reside no homestay.
  • Cada um tem um tipo de personalidade, por isso é comum se deparar com pessoas mais fechadas. Muitas vezes, isso é pura timidez. Seja paciente, mas se perceber que não existe comunicação com a família e se sentir incomodado, comunique à escola.
  • A alimentação talvez seja a campeã de reclamações, e mesmo com toda a boa vontade de experimentar a culinária de uma nova cultura, depois de algumas semanas ninguém aguenta mais comer comida muito apimentada ou sem sal, por exemplo. Se gosta de cozinhar, se ofereça para fazer um jantar para a família inteira. Pode ser até uma forma de agradar a todos. Mas se o fogão não é o seu negócio, também existe a opção em algumas escolas de adquirir somente a acomodação sem as refeições. Procure se informar.
  • Presentes aos donos do homestay são bastante tradicionais, e alguns até parecem se sentir ofendidos quando não recebem uma lembrança. Não precisa ser nada caro, mas é bom ser criativo e trazer algo que represente a sua cultura: sandálias havaianas, bola de futebol, camisa da seleção, disco de bossa nova, livro com fotografias do Brasil.
  • Não tenha vergonha de praticar o seu inglês com os moradores da casa. Essa é uma das grandes vantagens do homestay. Se por um acaso você não entendeu algo, pergunte novamente, principalmente se for alguma coisa relacionada à regra da casa.
  • Evite falar sobre assuntos polêmicos, como religião por exemplo. Em Toronto, algumas pessoas são bastante reservadas sobre alguns tópicos. Caso você se hospede na casa de alguém que tenha nascido fora do Canadá, procure estudar um pouco sobre a cultura e costumes do país dele. Lembre-se de que o Canadá é um país democrático, e todos aqui têm o direito de ser respeitado por orientação sexual, raça ou religião. Caso você se sinta ofendido ou desrespeitado, comunique imediatamente à escola.
  • Você não precisa ficar hospedado no homestay Toronto durante todo o período do curso de inglês. É possível optar por ficar apenas um mês, ou às vezes até algumas semanas. Boa parte dos estudantes terminam dividindo apartamento com os colegas da escola depois de algum tempo. Um homestay de um mês em Toronto, com duas refeições diárias e três nos finais de semana, custa em torno de $800.

foto: JeremyMP [Catching Up]

Marcio Rollemberg é pernambucano e formado em jornalismo. Foi editor-chefe de um telejornal universitário, produziu documentários e trabalhou como repórter de TV no Brasil. Em 2005 mudou-se para Toronto e atualmente é um dos colaboradores de uma revista e de um canal de TV. Em 2011 juntou-se a equipe do OiCanadá, onde escreve matérias sobre Turismo e Variedades.

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