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O benefício das moedas sociais para as comunidades

As moedas sociais, também conhecidas como comunitárias, parecem dinheiro de mentirinha, mas têm o seu valor. A grande maioria delas possui a mesma cotação do dólar canadense e incentiva o comércio local. Em Toronto, mais de 150 estabelecimentos aceitam as cédulas.

Na padaria Carousel, situada no St. Lawrence Market, é possível comer um sanduíche tipicamente canadense de peameal bacon pagando com Toronto Dollar. Do outro lado da cidade, em Scarborough, quem faz compras no Canadian Tire (uma rede canadense de lojas de departamento) pode usar Canadian Tire Money. Essas cédulas não são dólar canadense e nem vale-presente, mas têm o seu valor. São algumas das moedas sociais do Canadá.

Com o objetivo de estimular a economia de um bairro, clube ou empresa, as moedas sociais servem como uma espécie de escambo, onde só têm valor em locais específicos. Elas já existem em diversos países, e servem também para promover a inclusão social e reduzir o acúmulo de capital na economia globalizada. Só no Brasil já são mais de 80 delas, e a maioria é reconhecida pelo Banco Central. No Canadá, existem pelo menos dez. Além do Toronto Dollar e Canadian Tire Money, há o Calgary Dollar (usada em Calgary), Salt Spring Dollar (utilizada em Salt Spring Dollar, na Colúmbia Britânica), Pioneer Petroleum (partencente a uma rede de postos de gasolina de Ontário) e outras.

Moeda Pioneira

Apesar das moedas sociais já estarem em circulação no país há algum tempo, o Toronto Dollar foi a primeira delas a ser lançada exclusivamente em Toronto, em 1998.  Uma de suas caraterísticas é que 10 centavos de cada Toronto Dollar trocado por dólar canadense são doados para projetos da comunidade e criação de empregos. Desde que foi criada, mais de $150 mil dólares já foram doados para programas de caridade.

“Moedas sociais são o futuro. O grande desafio é fazer com que a sociedade enxergue esse valor antes que esse sistema entre em falência”, diz Glen Alan, ex-diretor do Toronto Dollar. “Se tivéssemos a chance de contar com a participação do município e empresas de serviços públicos, os comerciantes poderiam pagar seu aluguel ou eletricidade usando a moeda social. Seria uma forma de expandir essa cadeia de abastecimento”.

Algumas pessoas fazem questão de ter Toronto Dollar na carteira, como o geólogo aposentado Richard Kenny. “Como eu sempre compro no St. Lawrence Market, usar a moeda social ou dólar canadense não me faz nenhuma diferença. Porém, traz grandes benefícios para algumas obras de caridade. Não custa nada contribuir”, diz ele.

Mais de 100 estabelecimentos aceitam Toronto Dollar, a grande maioria situada no St. Lawrence Market. Um dos sócios da Carousel Bakery, Maurice  Biancolin, confessa que logo quando a moeda foi lançada havia muito mais adeptos. “Acho que o fato de ser uma moeda que só pode ser usada em alguns lugares faz com que algumas pessoas não vejam nenhuma vantagem nisso. Mas eu percebo que quem utiliza a moeda se sente bem em ajudar a comunidade”, observa ele.

Dezenas de pessoas trabalham voluntariamente para o Toronto Dollar. Elas são um dos principais motivos pelo qual a moeda existe até hoje e são responsáveis por contarem as cédulas, venderem e entrarem em contato com os donos de estabelecimentos para conseguirem mais adeptos. “É um trabalho constante. Parece um banco central”, brinca Alan.

Diversos casos de falsificação de moeda social já foram registrados no decorrer dos anos. Na década de 90, por exemplo, um europeu foi preso por carregar $11 milhões de Canadian Tire Money falsos. As instituições passaram a se preocupar mais com a fabricação das notas. O Toronto Dollar é impresso pela mesma empresa que imprime o dólar canadense e possui as medidas contra falsificação bastante parecidas com as da moeda oficial do Canadá.

Essas moedas sociais chegam à população por meio de estabelecimentos que funcionam como uma espécie de banco comunitário, onde também é possível trocá-las por dólar canadense. O Toronto Dollar, por exemplo, pode ser adquirido em diversas lojas, eventos especiais e em uma unidade  do CIBC (um dos cinco maiores bancos do Canadá). Já o Canadian Tire Money funciona como um programa de lealdade, cujo o cliente recebe uma certa percentagem do dinheiro a cada compra em uma das lojas da rede. “É como se eles tivessem nos dando um desconto. Apesar de ser  pouco, faz uma diferença para quem é cliente assíduo”, diz a faxineira Neuza Abreu.

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Marcio Rollemberg é pernambucano e formado em jornalismo. Foi editor-chefe de um telejornal universitário, produziu documentários e trabalhou como repórter de TV no Brasil. Em 2005 mudou-se para Toronto e atualmente é um dos colaboradores de uma revista e de um canal de TV. Em 2011 juntou-se a equipe do OiCanadá, onde escreve matérias sobre Turismo e Variedades.

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