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Wheel Trans oferece um dos sistemas de transporte mais completos do mundo para idosos e portadores de deficiência

A prefeitura de Toronto gasta 97 milhões de dólares por ano para fornecer transporte às pessoas idosas e portadoras de deficiência. O serviço chama-se Wheel Trans e tem hoje mais de 41 mil usuários na cidade. Quem estiver inscrito pode contar com ônibus especiais, vans adaptadas para cadeiras de rodas e táxis comuns que levam o passageiro onde ele quiser pelo mesmo preço do sistema comum de transporte urbano, o TTC: 3 dólares.

Toronto é uma das poucas cidades no mundo que oferece um serviço assim tão completo. Um grupo de pessoas portadoras de deficiência de origem portuguesa que vive em Toronto recentemente participou de um encontro mundial em Lisboa em que se discutiu a acessibilidade nas grandes cidades. Eles contaram que os demais participantes ficaram admirados quando ouviram a descrição do Wheel Trans. O máximo que outras cidades disponibilizavam era transporte para consultas médicas e tratamentos de saúde. Aqui, não importa se você quer ir ao hospital ou ao jogo de bingo. Todos são atendidos. Aliás, um dos destinos mais solicitados é o hipódromo de Woodbine, onde muitos aposentados gostam de passar as tardes apostando nos cavalos!

Para ter acesso ao Wheel Trans é preciso enfrentar uma certa burocracia. O primeiro passo é agendar uma entrevista com os representantes do serviço que vão avaliar se a pessoa tem mesmo problemas de saúde e locomoção. O interessante é que eles não exigem nenhum documento ou declaração médica. Coisas do Canadá, a sua palavra e o bom senso de quem estiver fazendo a entrevista bastam. A pessoa pode ser aprovada para usar o sistema permanentemente ou temporariamente. No último caso se ela, por exemplo, está com limitações físicas porque fez uma cirurgia, da qual deve se recuperar depois de determinado tempo e portanto não vai mais precisar de transporte especial.

Quem é aprovado recebe um número de registro e com ele pode solicitar o serviço pelo telefone ou pela internet. Para conseguir o transporte é necessário fazer a reserva com 24 horas de antecedência. Portanto, não é como um táxi que pode ser chamado a qualquer hora. Além disso, outras pessoas vão dividir o mesmo transporte com você. Isso significa que os horários e o itinerário precisam ser acomodados para que todo mundo possa ser atendido. O usuário diz a que horas precisa do transporte e depois recebe uma confirmação com a hora exata em que efetivamente o táxi, a van ou ônibus vai buscá-lo.

Na prática, se você tem uma consulta médica às duas da tarde e de carro bastaria sair de casa uns 30 minutos antes, de Wheel Trans pode ser que a condução chegue à sua porta duas horas antes, já que também vai pegar e deixar outros passageiros ao longo do caminho. O mesmo vale para a hora em que o passageiro gostaria de fazer a viagem de volta. Ele pode solicitar para que venham buscá-lo às 17 horas. Mas pode ser que só haja um carro disponível às 17h:45 e ele vai ter que esperar. O serviço, entretanto, costuma ser bem pontual. Às vezes, você pode chegar ao destino muito mais cedo do que pretendia mas, a não ser que o trânsito esteja muito complicado, dificilmente vai chegar com atraso.

O Wheel Trans, porém, não é perfeito. Fazer reservas por telefone é quase impossível. As linhas estão sempre ocupadas e, caso a ligação seja completada, o tempo de espera é capaz de tirar um monge budista do sério. As reservas pela internet são bastante convenientes, mas só podem ser feitas para uma lista determinada de endereços que o passageiro tem que registrar previamente, através de um e-mail, para o serviço de atendimento ao cliente. É possível selecionar locais importantes da cidade como hospitais, pontos turísticos, shopping centers, etc. Mas não há como inserir na hora um lugar específico, como a casa de um amigo ou um restaurante.

Outro problema sério é a higiene dos táxis. Carros sujos e motoristas que não costumam frequentar o chuveiro são lamentavelmente uma constante. O tempo gasto para completar um trajeto pode ser exasperantemente longo em função das muitas paradas. Fora isso, e este não é um problema do sistema, mas uma contingência da vida, seus colegas de jornada podem não ser as pessoas mais agradáveis do mundo. Mas nunca nada sério. São problemas menores diante do enorme benefício que o Wheel Trans representa para quem tem problemas de saúde e quer exercer o direito de ir e vir. Ter transporte porta-a-porta por apenas 3 dólares é com certeza um grande privilégio.

Para marcar uma entrevista e solicitar a sua inscrição no serviço ligue para Wheel-Trans Customer Service at (416) 393-4111. Para mais informações visite www.ttc.ca.

Para ver o Wheel Trans em funcionamento, assista ao vídeo abaixo (3:58).

Leia também: Uma cidade acessível.

Patricia Almeida nasceu em Curitiba e começou a carreira de jornalista na TV Paraense, emissora filiada à Rede Globo, na capital paranense. Depois mudou-se para São Paulo, onde foi coordenadora de produção do Jornal Hoje, editora-executiva do SPTV e editora de texto do programa “Mais Você”, também na Rede Globo. Foi ainda produtora de documentários da Rede SescSenac. Veio para o Canadá em 2003 e durante 8 anos foi produtora de programas em língua portuguesa da OMNI TV. Além de colaborar escrevendo para o OiCanadá, é também responsável por manter o Instagram do blog atualizado com belas fotos.

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