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Canadense desperdiça 170 quilos de comida por ano
O Relatório da Comissão de Cooperação Ambiental da América do Norte revela o incrível volume de comida desperdiçada por ano na região. Entenda o problema e veja soluções propostas.
Considerando-se toda a cadeia de suprimento — da colheita até o consumidor final — o México joga fora 249 quilos de comida per capita, o Estados Unidos 415 e o Canadá 396 quilos por ano.
Há vários momentos na cadeia produtiva em que a comida é simplesmente jogada no lixo. O primeiro deles é quando há superprodução — mais oferta do que demanda — e o agricultor não tem como escoar o que produziu (ou joga fora para aumentar o preço).
Depois há o volume que representa produtos “danificados” (uma maçã que está boa, mas com um machucadinho, uma cenoura perfeita para ser consumida, mas que foi cortada ao meio durante a colheita ou transporte, por exemplo), ou que está fora dos padrões exigidos pelos supermercados (como uma banana pequena ou grande demais).
Estes itens podem ser descartados pelo produtor, transportador ou supermercado, mas o consumidor comum também contribui, e muito, para o desperdício, dando preferência aos produtos com aparência imperfeita, mas que estão perfeitamente adequados para consumo.
O estudo mostra que 40% do que as pessoas compram vai parar na lata de lixo. No Canadá, isto significa que cada pessoa desperdiça 170 quilos de comida em um ano.
Soluções
Para combater o problema, o relatório aponta algumas estratégias. A primeira delas é encontrar meios de usar o que não está “bonito” e hoje é jogado fora para ser processado — um tomate amassado poder servir muito bem para molho em um restaurante que ainda lucraria adquirindo o produto com um desconto.
Outra ideia é reduzir os tamanho das porções servidas em restaurantes, reduzindo, por extensão, o que fica no prato e vira lixo. E criar um sistema de datas de validade mais inteligente e padronizado — diferentes países têm protocolos completamente diferentes.
O órgão acredita ainda que seja importante manter um sistema mais robusto de doações de excedentes para os chamados food banks — centrais que fornecem alimentos para a população mais necessitada.
Governo sem apetite
Na prática, no entanto, todas as instâncias de governo do Canadá parecem não ter apetite algum para enfrentar o problema. A França baixou uma lei que proíbe os supermercados de jogar comida fora, forçando as empresas a assinarem acordos de doação com instituições de caridade. A Itália criou um sistema de descontos no imposto para supermercados e agricultores que doam seus “restos” de comida. E governos estaduais como o de Massachusetts e Califórnia também passaram nova legislação para incentivar mais doaçòes e menos desperdício.
No Canadá, no entanto, não se vê nenhum movimento semelhante, apesar de o país despachar para aterros sanitários e áreas de compostagem o equivalente a $31 bilhões em comida por ano — ou 1,3 bilhão de tonelada anualmente. E tudo isso enquanto cerca de 850 mil canadenses batem na porta dos food banks todo mês.