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Pesquisa mostra aumento da desigualdade social em Toronto

Uma pesquisa realizada recentemente pela Toronto Community Foundation constatou que a desigualdade social na cidade está cada vez maior. O OiCanadá teve acesso ao relatório que indica diversos fatores, entre eles a probabilidade de que até 2025, 60% dos bairros sejam de baixa renda.

O relatório anual Vital Signs foi divulgado pela Toronto Community Foundation há pouco mais de uma semana e tem como objetivo fazer um comparativo da qualidade de vida dos torontonianos. Segundo a pesquisa, os ricos da cidade estão cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres.

Nos últimos 35 anos, a quantidade de vizinhanças de classe alta em Toronto dobrou, ao mesmo tempo em que os bairros de classe média diminuíram 30% e os de baixa renda aumentaram em mais de 50%.

Apesar da cidade ter um índice baixo de crimes, estar mais saudável e com um bom nível de educação, o grande número de jovens desempregados e os altos preços na compra e aluguel de um imóvel são alguns dos fatores preocupantes.

Segundo o relatório, existem hoje cerca de um milhão de pessoas vivendo em bairros de baixa renda em Toronto. Até 2025, é possível que vizinhanças de classe média desapareçam da cidade, dando espaço principalmente aos bairros de classe baixa, que devem ocupar até 60% da área urbana.

Índice de pessoas com baixa renda tem crescido

De todos os grandes centros urbanos, Toronto é a segunda maior cidade do Canadá, depois de Vancouver, com índices de pobreza (de acordo com o padrão canadense). A causa do aumento se deve ao fato de indivíduos com baixa renda, incluindo novos imigrantes,optarem por viver em lugares onde sejam oferecidas uma maior assistência social e a promessa de boas oportunidades de emprego.

Natural de Winnipeg, o guitarrista David (nome fictício) decidiu morar em Toronto em busca de uma grande oportunidade na carreira musical. Depois de seis meses vivendo na cidade, sem conseguir emprego e com o dinheiro que havia economizado praticamente esgotado, ele aplicou para o welfare, uma pensão paga pelo governo para quem está impossibilitado de trabalhar. “O dinheiro que eu recebo do governo não dá para fazer nada. Não consigo nem morar em um lugar decente”, disse ele, que hoje se dedica a tocar guitarra nas ruas de Toronto em busca de alguns “trocados”. Assim como David, milhares de pessoas dependem da pensão do governo para viver. O valor pago varia, sendo baseado nas condições de cada indivíduo, e custa em média C$550.

Segundo o relatório,o índice de pessoas com baixa renda em Toronto aumentou 22% em um ano, sendo que o de crianças consideradas pobres para os padrões canadenses ultrapassou 43%. A pesquisa também informou que em um período de 10 anos, não houve nenhum progresso na erradicação da pobreza infantil na cidade.

Relatório traz desafios enfrentados por imigrantes

Toronto continua sendo a cidade canadense que mais recebe imigrantes. Só no ano passado, mais de 90 mil pessoas escolheram a capital de Ontário para viver, um número duas vezes maior que o de Montreal. Um dos destaques do relatório se refere aos desafios encontrados por essas pessoas.

O índice de imigrantes desempregados em Toronto em 2010 foi de 19.1%, quase o dobro da média geral do município. De acordo com a pesquisa, imigrantes qualificados têm duas vezes mais chances de não encontrar emprego do que aqueles que nasceram no Canadá, principalmente nas áreas de finanças, consultoria imobiliária (real estate), seguros e administração pública.

O relatório traz dados do censo realizado em 2006 no Canadá, onde ficou constatado que apenas 24% dos imigrantes com diploma universitário trabalham na área, contra 62% dos canadenses nascidos no país. Além da falta de emprego, os novos imigrantes ainda enfrentam dificuldades para custear moradia no país, e terminam optando por morar em bairros de baixa renda.

A pesquisa também publicou informações do The Conference Board of Canada, que estima que se todos os imigrantes do país estivessem de fato trabalhando na sua área de estudo, seria gerada uma economia no país de até C$5 bilhões por ano.

Marcio Rollemberg é pernambucano e formado em jornalismo. Foi editor-chefe de um telejornal universitário, produziu documentários e trabalhou como repórter de TV no Brasil. Em 2005 mudou-se para Toronto e atualmente é um dos colaboradores de uma revista e de um canal de TV. Em 2011 juntou-se a equipe do OiCanadá, onde escreve matérias sobre Turismo e Variedades.

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