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Cinema: Rebelle (2012) – A Feiticeira da Guerra

Sempre que vou ver um filme que se passa na África e trata de problemas sociais, eu fico meio tenso. Não curto muito ver gente sofrendo. Mas esse filme foi diferente de tudo o que eu imaginaria ser. Viva o cinema Canadense (ou “franco-canadense” para os mais detalhistas).

Sinopse

*Não escrito por mim. Pode conter spoilers.

Depois de ter sua vila queimada por rebeldes e seus pais assassinados numa guerra civil na África, a menina Komona é levada para a floresta para lutar como uma criança-soldado. Seu brutal comandante não só a treina para o uso de armas, mas também a força a ter relações com ele. Procurando por abrigo no meio do horror, ela se apega a um garoto albino, um pouco mais velho, que ela chama de “Mágico”. Depois de escaparem juntos, Komona deve retornar à sua vila natal para enterrar os pais. Apesar de todos os horrores que encontra pelo caminho, Komona ainda tem esperança.

Review

Sempre que vou ver um filme que se passa na África e trata de problemas sociais, eu fico meio tenso. Não curto muito ver gente sofrendo. Digo, gente que eu sei que existe, pois fizeram misérias com o Robocop e Rambo e não me incomodei com esses filmes.

E quando se trata de Hollywood, é quase sempre um branco americano que vai ser o herói dos pobres e oprimidos e já estou meio cansado de ver isso (apesar de ter achado ótimo o FDD93:Machine Gun Preacher [2011] Redenção). Mas esse filme foi diferente de tudo o que eu imaginaria ser. Viva o cinema Canadense (ou “franco-canadense” para os mais detalhistas).

The Good

Os atores são, em maioria, africanos, e isso incluindo os principais. “Só isso” já é suficiente para te colocar no clima do filme rapidamente. As atuações são tão naturais que fica difícil saber quem é ator profissional e quem é amador.

Outro ponto fortíssimo do filme é a originalidade. Ele começa mostrando uma pequena vila sendo invadida por um grupo terrorista que sequestra várias crianças para as transformarem em soldados. E o treinamento começa ali mesmo, quando são forçados a matar seus pais e parentes.

Dito isso, você deve estar pensando: “Original? Deve ser mais um filme triste sobre crianças-soldados em alguma parte da África”. Foi o que pensei mas, para minha surpresa, ele segue um caminho bem diferente. É um filme que trata de infância, amor, magos, bruxas e outras crenças locais. É difícil sintetizar sobre o que é o filme. O que sei é que sobre guerra não é.

The Bad

É um filme que tentou ser tão realista que, em alguns momentos, se transformou num documentário. Até achei uma ousadia interessante mas, na minha opinião, prejudicou o ritmo da narrativa.

Eu costumo reclamar de filmes que tratam o espectador como um total ignorante. Tudo precisa ser explicado, por um narrador ou por um personagem. É uma técnica muito comum no cinema americano. Já nesse filme, me parece que o problema foi o contrário. Veja um exemplo: O jovem casal está em busca de um galo branco. Após longa procura, eles são levados para uma propriedade com guardas armados na entrada. Dentro, dezenas de pessoas, todas albinas. Mas nada foi dito para explicar o que seria aquele local. Quem se interessar pode ler essa notícia.

Após o término do filme, tive que correr atrás para entender outras cenas. Nada importante para entender o “lado-filme” e sim o “lado-documentário”.

The Prolix

Esse foi o sétimo filme canadense a concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

Segue a lista completa:

Como visto, parece que estamos vivendo no ápice do reconhecimento do cinema canadense. Perceba que evitei usar a palavra “qualidade”. Oscar não é sinônimo disso mas, ao meu ver, é a maior vitrine comercial do cinema mundial, e por isso que valorizo. Cinema sem público não se sustenta.

Vale observar nessa lista também que apenas um dos filmes não é em francês. Eu ainda não me considero um entendedor do cinema canadense, mas até agora tenho achado enorme a diferença de qualidade entre o cinema anglo e o franco canadense. A óbvia explicação seria a fonte de inspiração dos cineastas francofônicos, o ótimo cinema francês.

Enfim…

Pela autenticidade e originalidade, indico a todos assistirem a esse interessante filme.

Clique para assistir ao trailer.

Diogo Lopes mora em Toronto e aproveita seu tempo "livre" de TTC para assistir e escrever sobre filmes para seu site pessoal de cinema. No OiCanadá, escreverá sobre filmes canadenses que valem a pena ser vistos.

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