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A história da comunidade LGBT representada em arte

Brasileiro é responsável por dois grandes murais no gay village de Toronto.

Enquanto a Copa do Mundo acontece no Brasil, em Toronto as atenções também estão voltadas à WorldPride, o primeiro encontro mundial do orgulho gay a ser realizado em um continente americano, que vai de 20 a 29 de junho. Entre as iniciativas para um evento que espera receber mais de 2 milhões e meio de pessoas, estão o embelezamento da área conhecida como o gay village através de 11 murais espalhados pela rua Church.

Conhecido como o Church Street Mural Project, os murais servem como uma forma da cidade receber o mundo para a WorldPride, mas os trabalhos permanecerão após a realização do evento. A série de pinturas procura reconhecer as lutas e a identidade da comunidade GLBT em preparação para a celebração do orgulho gay. “Começou como uma pequena ideia quando estávamos tentando descobrir o que poderíamos fazer pra criar algum tipo de legado para a WorldPride”, declarou a vereadora Kristyn Wong-Tam na época do lançamento do projeto, em outubro do ano passado. O conjunto de murais é hoje considerado uma das maiores exibições de arte pública de GLBT do mundo.

Os trabalhos cobrem uma variedade de tópicos de vários subgrupos dentro da comunidade GLBT de Toronto, como a comemoração dos 30 anos dos ataques às saunas de 1981, onde várias pessoas foram presas, acontecimento que provocou fúria e protestos na época, e que originou a parada do orgulho gay na cidade.

Momentos históricos da comunidade no mural

Momentos históricos da comunidade no mural

Participação brasileira

Christiano de Araújo, natural de Anápolis, em Goiás, foi um dos artistas selecionados pelos curadores Syrus Marcus Ware e James Fowler a participar do projeto. No Canadá há 20 anos, trabalhando com murais desde 2004, Christiano foi o único a pintar dois dos 11 murais da área da Church Street.

Tristan Downe-Dewdney, Christiano De Araujo, Sheila Pardoe e vereadora Kristyn Wong-tam na inauguração do mural do centro comunitário 519.

Tristan Downe-Dewdney, Christiano De Araujo, Sheila Pardoe e vereadora Kristyn Wong-tam na inauguração do mural do centro comunitário 519.

O primeiro trabalho do goiano foi o retrato realista dos ataques às saunas, feito em conjunto com o artista Troy Brooks. O mural está localizado no edifício onde ficava a lendária discoteca The Barn, na Church, quase esquina com a Carlton (lado sul).

Você pode conferir como foi feita a pintura deste mural no vídeo abaixo.

O segundo mural feito pelo Christiano, que acaba de ser inaugurado, fica localizado na parede norte do centro comunitário 519, também na rua Church.

Por ser uma espécie de mosaico com várias pessoas em diferentes épocas, este mural possivelmente foi um dos mais trabalhosos, já que foi preciso 30 dias para ser pintado. Até poucas horas antes de sua inauguração, era possível ver Christiano (sempre vestindo uma camiseta verde e amarela da seleção brasileira) dando os retoques finais. “É uma honra ser selecionado para participar de um projeto como este e poder contribuir com o meu talento”, diz o goiano para o OiCanadá.

O mural, todo baseado em fotos do arquivo do CLGA Canadian Lesbian & Gay Archives, mostra a comunidade GLBT em diversos momentos, como a ratificação do casamento gay, a escadaria que ficava em frente a um café e que se tornou ponto de encontro nos anos 80 e 90, o primeiro protesto em frente à prefeitura, entre outros. “É muito bom poder tocar as pessoas profundamente porque são coisas significantes para a comunidade.” – conta Christiano orgulhoso.

Fotos: Eric Major

Christian Pedersen é natural de Santos, São Paulo. No Brasil, trabalhou na gravadora Roadrunner Records, depois abriu um escritório de promoção e marketing para bandas e artistas, tendo clientes como a gravadora BMG, os selos Geléia Geral e Dubas. Christian mudou-se para Toronto em 2002, e virou cidadão canadense em 2007. Escreveu a coluna Conexão C no Brasil News em março de 2007 e, de maio a outubro de 2008, foi editor-interino do jornal. Do fim daquele ano, até outubro de 2010, foi editor e co-fundador do blog OiToronto.

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