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The Windows of Time – Christiano de Araujo

Cultura

A arte líquida de cores brasileiras que conquistou as ruas de Toronto

Christiano de Araujo e Bruno Smoky são dois brasileiros com trajetórias muito diferentes, mas um talento em comum e incomum para traçar gigantescas telas ao ar livre e espalhar cores pelo Canadá (e o mundo) todo.

Bruno Smoky vem da cena de pichação paulistana, mais precisamente da Brasilândia. Mas mesmo quando só rabiscava letras nas quebradas, Bruno já tinha enorme interesse por uma coisa mais “ilustrada”, que caía mais na esfera do graffiti que do pixo.

Aos 18 anos, mudou-se com suas latinhas de spray debaixo do braço para o Rio, onde viveu dando workshops, pintando murais e fazendo tatuagens. Em 2010, conheceu no Brasil uma artista canadense filha de chilenos, Shalak Attack. Os dois se casaram um ano depois e, em 2013, sentaram na praça em Toronto.

Mural – Bruno Smoky

Aqui a dupla, que já tinha o respeito de muita gente boa, criou asas mais longas e mais musculosas. Os dois fazem trabalhos em separado, mas também agitam em parceria, sob o codinome Os Clandestinos. Em voo solo ou em dobradinha com a amada, Bruno hoje vive só de arte e coleciona murais em paredes do mundo todo: Brasil, Chile, República Dominicana, Venezuela, Argentina, Estados Unidos, Suécia, Inglaterra e Canadá, incluindo Montreal, Vancouver, Winnipeg e, claro, Toronto.

Sua marca registrada talvez seja, além do colorido forte e vibrante, uma coisa meio crua, quase agressiva, e que qualquer brasileiro consegue entender de onde vem. Interessante também notar a presença de uma casa em terreno nada firme que surge em várias peças assinadas pelo artista. Mas também não dá pra deixar de perceber uma nítida influência do universo dos comic books e cartoons. Aliás, Smoky confessa que seu sonho é mesmo fazer um dia uma animação com seus traços. E, cá entre nós, é fácil imaginar o sucesso.

Muito diferente é a trajetória e o estilo de Christiano de Araujo, outro brasileiro que ocupa de um modo bem colorido o espaço público por aqui. Nascido em Anapólis em Goiás, o artista está no Canadá há mais de 20 anos e, antes de conseguir se estabelecer como pintor, suou muito trabalhando na construção civil. Mas valeu a pena, porque hoje ele vive full time de arte.

Como Bruno, Christiano também é autodidata e tem uma trajetória de sucesso. No entanto, as semelhanças param por aí porque o goiano é adepto do paintbrush e tem um carreira bem mais comercial, com direito a pinturas em alturas assustadoras. Qualquer rolé em Toronto, e você com certeza vai tropeçar em alguma obra assinada por ele.

Pela empresa Global Colors ele já deu forma a propagandas pro Cirque du Soleil, várias marcas famosas de cerveja e uísque, produtos da Apple, filmes e muito mais. Por conta própria, também emplacou projetos interessantes, como o mural no paredão do 519, um centro comunitário LGBTQ que fica na Church St., e a divertida lateral do Jimmy’s Café na Gerrard West, que traz o rosto de quatro Jimmys: Hendrix, Page, Buffet e Morrison – outro café da mesma rede, na McCaul, traz um Jimmy Carter que também saiu do pulso do brasileiro.

A mais recente estripulia de Christiano está nas costas do no. 399 da Queen St. West. Ali, pra dar um ar jeito numa back alley meio feiosa e sem graça e promover uma ação de marketing de engajamento, a empresa Brand Momentum convidou mais de 100 artistas a submeterem propostas para um mural. Dez foram escolhidas para uma rodada final, que foi decidida na base do voto direto, aberto ao público, e que podia ser dado ao vivo ou via Instagram. O design vencedor foi o do rapaz talentoso lá de Anápolis que apostou numa coleção de tipos marcantes para traduzir em tinta o que a gente sente e vê quando bate perna pela Queen West.

Saiba mais sobre os trabalhos do Bruno e do Christiano.

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