Imigração faz Canadá virar berço de grandes tenistas

O Canadá está vivendo um momento fantástico e sem precedentes nas quadras de tênis e todos os dedos apontam para uma só explicação: as portas abertas do país para tudo de bom que a imigração pode oferecer.

Os grandes nomes do tênis mundial estão já todos acima dos 30 anos de idade e, apesar de ninguém esperar que eles saiam de cena sem dar muito trabalho à nova geração, os especialistas acham que é impossível hoje pensar no futuro da modalidade sem associá-lo à recente explosão de talentos em solo canadense — um fenômeno que tem ligação direta com a chegada de imigrantes ao país.

Basta dar uma olhada nos maiores nomes da modalidade por aqui para ver o peso da imigração no desempenho canadense. Os pais de Milos Raonic vieram da Sérvia. Os de Vasek Pospisil são refugiados da Tchecoslováquia que chegaram ao Canadá via Áustria. Da România vieram os pais de Bianca Andreescu, enquanto os de Shapovalov são da ex-União Soviética, com passagem por Israel até chegarem ao Canadá. Já Félix Auger-Aliassime é filho de um cara de Togo casado com um mulher do Quebec…

Félix Auger-Aliassime

Félix, aliás, subiu como um foguete turbinado na classificação dos melhores do mundo e, apesar de só ter 18 anos, já brilha entre os Top 30. Nascido em Montreal e criado em Quebec City, o rapaz teve como seu primeiro treinador o próprio pai, Sam, que deixou a República do Togo — um pequeno país espremido entre Benin e Gana — aos 25 anos de idade para viver com sua esposa, Marie, na terra dela.

Bianca Andreescu

Bianca Andreescu, agora com 19 anos, vem na mesma trilha, com uma carreira meteórica que a colocou no número 23 do ranking mundial. Ela nasceu em Mississauga, Ontário, e mora hoje não muito longe dali, em Thornhill, mas passou também uma temporada na terra dos seus pais, na Romênia, e foi por lá que ela pegou pela primeira vez na raquete aos 7 anos de idade para nunca mais largar.

Denis Shapovalov

O canhoto Denis Shapovalov, também com 19 anos, já alcançou a 20a. posição no ranking. O rapaz nasceu em Tel-Aviv, Israel, mas se mudou para Ontário quando tinha apenas um ano. Filho da judia Tessa Shapovalov, ex-jogadora de tênis da antiga União Soviética, Denis começou a jogar aos 5 anos de idade. O desempenho do garoto fez a mãe logo abrir sua própria clínica em Vaughan, a TessaTennis, onde passou a se dedicar ainda mais ao desenvolvimento do seu jogador predileto. Mas Denis se lembra bem dos apertos que a família passou, dormindo em colchões no chão, com os pais sem domínio do inglês — ele trabalhando em fábricas e ela dando aulinhas de tênis.

Na outra ponta, temos ainda Raonic e Vasek Pospisil, que são mais velhos que os outros e já deixaram marcas importantes na história do tênis canadense.

Vasek Pospisil

Vasek tem já 29 anos. Em 1988, sua família cruzou a fronteira da Tchecoslováquia comunista para entrar ilegalmente na Áustria onde eles juntaram um dinheiro suado para mudar de vez para o Canadá. Desembarcaram onde um tio do rapaz já estava instalado, em Vernon, na British Columbia. Lá o pai, Milos, curtia jogar tênis com os filhos mais velhos nas quadras públicas da cidade. E foi assim que Vasek entrou na brincadeira que, anos depois, ficou tão séria a ponto dele conquistar o campeonato de Wimbledon em 2014.

Um ano mais novo que Pospisil, Milos Raonic é outra estrela do tênis canadense, e já chegou a ser o terceiro melhor do mundo. Ele tem ascendência sérvia e nasceu numa cidade da ex-Iugoslávia comunista — onde hoje atualmente é Montenegro. Em 1994 sua família veio para o Canadá, preocupada com a falta de empregos e a instabilidade da região dos Balcãs. Eles se instalaram em Brampton e depois Thornhill, Ontário, de onde viram a carreira do rapaz decolar.

E com tantos novos talentos chamando a atenção para o esporte, a expectativa geral é de que a paixão pela raquete se espalhe ainda mais. E quem sabe um dia não é um brasileirinho-canadense que chega com tudo para conquistar o mundo…